O Doutor Preto Justiniano Clímaco Da Silva: A Presença Negra Pioneira Em Londrina

Durante séculos, a sociedade vinculou aos brancos, de origem europeia ou americana, as características de poder, dinheiro, ascensão social e inteligência. Desde a época do império, a eles, considerados como iguais racionalmente e socialmente, foram distribuídos os benefícios e as riquezas que havia no nosso país.

Aos negros sobraram a escravidão e, posteriormente, a exploração da mão-de-obra barata. Aos seus descendentes, mulatos, nordestinos e índios, sempre excluídos do sistema, couberam a escravidão e a subserviência. Todo esse tempo, eles viveram sem um padrão mínimo de humanidade e de defesa dos direitos humanos. A onda de racismo que assolou nosso país, nestes mais de 500 anos, é aversiva e nos enche de nojo e tristeza.
Meu pai era negro...
Após se mudar de Santo Amaro da Purificação para a capital, Salvador, indo morar na casa de sua tia, a professora Juliana, uma das grandes influências para o jovem Justiniano Clímaco da Silva, ele passou a vivenciar cenas de grande preconceito. Lembro-me que, em uma de nossas conversas ele expôs as seguinte situações: “Eu era professor de matemática do filho de um professor da Faculdade, e quando terminei a aula sai da biblioteca com o garoto - estava tendo uma festa no casarão. O pai do garoto pediu que eu ficasse para comer, e começou a me apresentar para aquelas moças lindas, brancas, que estavam ali em fileira, eu fui dando a mão para elas e três moças não estenderam a mão para mim, olhando-me com nojo”. Em outra ocasião, ele contou que, quando entrou em um bonde com seus colegas de turma, algumas moças à sua volta se levantaram e desceram do bonde, com olhar de repulsa. Outro fato foi, na primeira aula com o professor de Inglês, que tinha fama de racista, quis forçá-lo a falar uma frase em inglês com um lápis na boca, e lhe disse que, para passar na sua matéria, tinha de “saber mais que ele, ou igual a Jesus Cristo”. Estes são alguns exemplos de como algumas adversidades começaram a moldar uma personalidade forte, porém humana e justa.

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Durante séculos, a sociedade vinculou aos brancos, de origem europeia ou americana, as características de poder, dinheiro, ascensão social e inteligência. Desde a época do império, a eles, considerados como iguais racionalmente e socialmente, foram distribuídos os benefícios e as riquezas que havia no nosso país. Aos negros sobraram a escravidão e, posteriormente, a exploração da mão-de-obra barata. Aos seus descendentes, mulatos, nordestinos e índios, sempre excluídos do sistema, couberam a escravidão e a subserviência. Todo esse tempo, eles viveram sem um padrão mínimo de humanidade e de defesa dos direitos humanos. A onda de racismo que assolou nosso país, nestes mais de 500 anos, é aversiva e nos enche de nojo e tristeza.
Meu pai era negro…
Após se mudar de Santo Amaro da Purificação para a capital, Salvador, indo morar na casa de sua tia, a professora Juliana, uma das grandes influências para o jovem Justiniano Clímaco da Silva, ele passou a vivenciar cenas de grande preconceito. Lembro-me que, em uma de nossas conversas ele expôs as seguinte situações: “Eu era professor de matemática do filho de um professor da Faculdade, e quando terminei a aula sai da biblioteca com o garoto – estava tendo uma festa no casarão. O pai do garoto pediu que eu ficasse para comer, e começou a me apresentar para aquelas moças lindas, brancas, que estavam ali em fileira, eu fui dando a mão para elas e três moças não estenderam a mão para mim, olhando-me com nojo”. Em outra ocasião, ele contou que, quando entrou em um bonde com seus colegas de turma, algumas moças à sua volta se levantaram e desceram do bonde, com olhar de repulsa. Outro fato foi, na primeira aula com o professor de Inglês, que tinha fama de racista, quis forçá-lo a falar uma frase em inglês com um lápis na boca, e lhe disse que, para passar na sua matéria, tinha de “saber mais que ele, ou igual a Jesus Cristo”. Estes são alguns exemplos de como algumas adversidades começaram a moldar uma personalidade forte, porém humana e justa.

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