
Zilda Gaspar Oliveira De Aquino, Paulo Roberto Gonçalves-Segundo & Maria Alexandra Guedes Pinto (Orgs.) – Argumentação E Discurso: Fronteiras E Desafios
A argumentação consiste em uma atividade humana de central relevância, na medida em que se localiza na intersecção entre o cognitivo, o social, o lógico, o discursivo e o linguístico, o que a torna objeto de estudo de vários domínios da ciência, como a Filosofia, as Ciências Cognitivas, a Psicologia, os Estudos Discursivos, a Linguística, a Inteligência Artificial, dentre outros, a partir de múltiplas perspectivas.
Na visão que conceptualiza tal atividade como produto, enfocam-se os raciocínios que podem levar à formação, manutenção e revisão de crenças, bem como à tomada de decisão, por meio da reconstrução das premissas que sustentam conclusões. Nesse caso, são importantes a construção de diagramas, a depreensão de esquemas, a elaboração de perguntas críticas e a estipulação de critérios de correção, consistência ou cogência.
Trata-se do terreno da lógica (formal ou informal), cujo diálogo com os estudos discursivos ainda é incipiente.
Na perspectiva de argumentação como processo, o objeto primário de atenção é a eficácia, ou seja, as estratégias instanciadas para levar ao convencimento ou à persuasão do outro, considerando o papel da imagem do orador, dos valores e das emoções do auditório, bem como do encadeamento e da organização dos enunciados orientados ao fazer crer, ao fazer sentir, ao fazer fazer.
Trata-se do espaço privilegiado da retórica, cujo diálogo com os estudos discursivos já está consolidado, com maiores ou menores desafios teóricos em termos de uma articulação coerente.
Argumentação E Discurso: Fronteiras E Desafios reúne vinte capítulos nos quais observamos uma vasta produção multidisciplinar que toma a argumentação como objeto central, a partir de uma articulação entre distintas abordagens discursivas (em especial, a Análise de Discurso de linha francesa, a Análise de Discurso Crítica e a Semiolinguística) e – majoritariamente – a perspectiva retórica de argumentação.
As aplicações são variadas, o que mostra a relevância do objeto para múltiplos campos: há capítulos que destacam o papel da argumentação na educação, no letramento acadêmico, na política, nas práticas sociossemióticas de exclusão, na literatura e na textualidade.
Isso mostra o quanto ainda há de espaço para pesquisas sobre o tema, especialmente em uma época na qual a legitimação de posicionamentos e suas formas de constituição precisam ser cada vez mais conhecidas tanto em termos teóricos quanto em termos de aplicação prática no que tange à formação do pensamento crítico.

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