
Encontram-se aqui três textos produzidos durante o período de disciplinas no mestrado, adaptados para uma leitura mais leve e agradável. Eles foram escritos em tempos diferentes: o primeiro (“Fanzines como potenciais artefatos culturais”) foi produzido no início de 2015; o segundo (“Fanzines como agentes de memória”), no final de 2015; e o terceiro (“Desterritorialização na internet”), escrito no início de 2016.
Minha escrita se desenvolveu nesse período e, mesmo passando por várias revisões, os textos ainda mantêm algumas características desses momentos. Todos eles abordam a realidade em que vivemos, na qual a inovação tecnológica avança velozmente em um processo de descentralização dos meios de emissão e produção, empoderando sujeitos comuns, os quais agora não precisam mais apenas ouvir, mas, também, falar e ser ouvidos.
O primeiro texto parte dos estudos de Néstor García Canclini, sobre cultura híbrida, e Michel de Certeau, sobre cultura no plural, propondo refletir a respeito da prática zínica como manifestação cultural de determinados grupos e sujeitos, contribuindo para os estudos dos fanzines enquanto prática e artefatos culturais do cotidiano.
Já o segundo texto parte dos conceitos de memória, desde Halbwachs até autores contemporâneos, discutindo se o fanzine pode, em determinado momento, ser considerado um potencial agente de memória, levando-se em conta que sua criação evoca ideologias e vontades muitas vezes suprimidas pelas várias vozes dos meios de comunicação de massa e dos discursos já institucionalizados e legitimados.
Finalmente, o terceiro texto é um experimento filosófico incentivado por um professor que também se tornou um amigo. Apesar de não focar nos fanzines, mantenho minha atenção na contramão da ideia tão fortemente reforçada pela publicidade, a qual considera o sujeito como parte de uma massa homogênea. Aqui, aproprio-me do conceito de desterritorialização, a fim de contribuir com o debate sobre o sujeito empoderado de meios que lhe convidam a produzir e emitir sua opinião, desencadeando uma série de fenômenos socioculturais.
Essa realidade também permite que o sujeito assuma várias identidades, circulando por diversos territórios da internet. Pretendo assim, aliando a noção de desterritorialização com os conceitos de Bhabha sobre povo, refletir sobre a circulação do sujeito pelos territórios da internet em um constante processo de des-re-territorialização, ressignificando a si mesmo e os territórios pelos quais passa.











