O Corcunda De Notre Dame
– Na Paris do século XV, a cigana Esmeralda dança em frente à catedral de Notre Dame. Ao redor da jovem e da igreja, dançam outros personagens inesquecíveis – como o cruel arquidiácono Claude Frollo, o capitão Phoebus, a velha reclusa Gudule e, claro, o disforme Quasímodo, o corcunda que cuida dos sinos da catedral.
Com uma trama arrebatadora, O Corcunda De Notre Dame, que tem a cidade de Paris como bem mais do que um mero pano de fundo, Victor Hugo criou um dos grandes clássicos do romantismo francês, de leitura irresistível.
Os fatos narrados em O Corcunda De Notre Dame têm início em Paris há “trezentos e quarenta e oito anos, seis meses e dezenove dias”, diz Victor Hugo nas primeiras linhas do livro, assentando com isso uma espécie de pedra fundamental do romance. Em 6 de janeiro de 1482, uma manhã comum de inverno, nada de extraordinário se registrou. No entanto, vivia-se o fim de uma época e o início de outra.
A Idade Média estava na moda durante as primeiras décadas do século XIX. Era imenso, por exemplo, o sucesso dos romances de Walter Scott, traduzidos do inglês. Sobre um deles, Quentin Durward, Hugo inclusive escreveu um artigo elogioso em 1823, já traçando o esboço do que seria o seu romance medieval, que não se limitaria à narração de aventuras e sim buscaria compor “algo semelhante à vida, [esse] drama estranho em que o bonito e o feio, o bem e o mal se misturam”.
Em 1830, aos 28 anos, pressionado pelo editor a entregar esse grande romance prometido, Victor Hugo já se impunha como o poeta plenamente reconhecido de Odes e baladas e As orientais. Era também o dramaturgo de Cromwell e Marion de Lorme, cuja apresentação fora proibida pela censura um ano antes. No prefácio dessa peça, publicada então em livro, ele previa o surgimento de “um escritor que esteja para Shakespeare assim como Napoleão está para Carlos Magno”. O autor pensava em si mesmo, é claro, no menino que aos quatorze anos havia escrito em seu diário: “Quero ser Chateaubriand ou nada.”