O livro que mostra tudo sobre a farsa e os crimes da medicina reprodutiva que chocaram o Brasil. Este livro-reportagem de apuração precisa tem como foco Roger Abdelmassih: um mito da medicina reprodutiva, incensado nos melhores salões paulistanos, homem admirável acima de qualquer suspeita, mas cujo espantoso edifício de crimes chocou a todos os brasileiros. Com um texto primoroso e uma reconstituição detalhada dos fatos, o repórter Vicente Vilardaga esmiúça a inacreditável trama de mentiras que cercam o médico condenado a 278 anos de prisão por mais de 48 delitos de abuso sexual a suas pacientes.
Essa história é pública e poderia ser contada por qualquer um que se debruçasse sobre a cobertura da imprensa do caso Abdelmassih, que começa em janeiro de 2009, com a publicação da matéria da Folha de S.Paulo, e termina, em agosto de 2014, no dia de sua prisão no Paraguai. Ela já estava pronta quando decidi contá-la, e só tratei de alinhavar os acontecimentos em ordem cronológica. Toda a narrativa se articula com o noticiário dos jornais, revistas e da TV, disparado evidentemente pelo trabalho do Ministério Público e da polícia e pela dedicação das vítimas. Trata-se de uma história essencialmente midiática, que se desenvolveu com grande tensão e dramaticidade nos seus momentos decisivos e que tem dois atos bem definidos. O primeiro é o da condenação, que vai até o final de 2010 e termina de maneira decepcionante para a sociedade; e o segundo, a fuga, que acaba com o ex-médico encarcerado em uma cela do presídio do Tremembé. Para contar o caso Abdelmassih e preencher algumas de suas lacunas narrativas, além de esmiuçar o noticiário do período no acervo do Estado de S. Paulo, da Folha de S.Paulo e da Veja, ver centenas de vídeos relacionados ao ex-médico no YouTube e ler exaustivamente a sentença da juíza Kenarik Boujikian Felippe e outros documentos judiciais, entrevistei cerca de sessenta pessoas, entre vítimas e ex-pacientes (dez), advogados, promotores, médicos, executivos de laboratórios, membros distantes da família, jornalistas e assessores de imprensa que trabalharam com Abdelmassih ao longo de sua carreira ou na cobertura do caso, e amigos de infância e da maturidade do condenado. Com exceção das mulheres que assumiram a linha de frente das denúncias contra o ex-médico e decidiram tornar públicos os seus casos e nomes para a imprensa, ao longo do processo ou depois da captura, as demais vítimas ou ex-pacientes citados neste livro tiveram sempre suas identidades preservadas.