
Uma literatura em formação: cânones e perspectivas em Moçambique, foi uma pesquisa realizada na Faculdade de Letras de Lisboa, e complementado com trabalho de campo feito em Moçambique, onde a autora entrevistou vários autores e procurou reunir elementos para o livro que aqui se apresenta.
Julgo que foi uma decisão importante porque esta obra, organizada em três partes, vem, por um lado, trazer a novidade de uma reflexão mais sistematizada sobre a literatura moçambicana mais recente na terceira parte do livro, chamada O Outro lado do Cânone, onde se referem as obras de Andes Chivangue, Mbate Pedro, Sangare Okapi, Hirondina Joshua, entre outros autores, bem como faz uma trajectória das principais publicações de revistas e movimentos literários, que tiveram lugar a partir do início do século XXI.
Com efeito, partindo da discussão sobre a “morte da literatura moçambicana” que no dealbar do novo milénio suscitou polémica, Vanessa Riambau, de forma sintética, apresenta um panorama dos desenvolvimentos que a produção literária dos mais jovens encetou desde então.
Na segunda parte da obra, intitulada A Voz dos Autores, debate-se a perspectiva autoral relativa às características, formação e especificidades da literatura moçambicana, que é constituída por um conjunto de entrevistas a escritores como Marcelo Panguana, Suleimane Cassamo, Paulina Chiziane , Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, João Paulo Borges Coelho, Lucílio Manjate, Sónia Sultuane, Ana Mafalda Leite, em que são discutidas questões relativas à formação da literatura moçambicana, edição, recepção, entre vários outros tópicos fundamentais para o entendimento daquilo que é actualmente a literatura moçambicana, entre leitura e circulação.
Mas este trabalho vem complementar as reflexões iniciadas na primeira parte, que dá início ao volume, que a autora intitula, prudentemente, de Apontamentos sobre o Cânone, e onde procura reunir informação teórica e crítica para discutir, na perspectiva da história literária, aspectos que condicionam a formação do cânone.
Assim, Vanessa procura saber do que falamos quando utilizamos esta designação, bem como estabelecer algumas das diferenças que se podem evidenciar entre a noção de cânone no caso das literaturas do ocidente e no caso das literaturas pós-europeias.











