Chacinas E A Politização Das Mortes No Brasil

No presente trabalho, procuramos analisar as ocorrências de chacinas para além das cifras, atentando para o contexto histórico e político em que ocorrem.

Infelizmente a palavra “chacina” aparece com frequência nos jornais e noticiários e faz parte da linguagem comum da população brasileira.

Entretanto, a reflexão acadêmica sobre esse fenômeno é bastante escassa; os poucos estudos existentes tratam do assunto de maneira lateral ou analisam questões relacionadas à ocorrência das chacinas, como tráfico de drogas, violência policial, grupos de extermínio, taxas de homicídios etc.

Para aumentar o grau de complexidade, “chacina” não é uma categoria jurídica, como veremos mais adiante, trata-se de uma forma cotidiana de se referir a um tipo de violência extremada: a execução orquestrada de várias pessoas em uma mesma localidade.

Por outro lado, quando analisamos o campo político que se organiza a partir dos anos 1990 e que tem como bandeira o combate à violência e a garantia do direito à vida, os principais movimentos surgem como reação aos casos de chacinas.

As chacinas ocorridas em Carajás (PA), Acari (RJ), Vigário Geral (RJ), Candelária (RJ), Carandiru (SP), os Crimes de Maio (SP), Cabula (BA) são momentos críticos de problematização da violência e reivindicação de ações públicas para a garantia da vida como um direito de todos no país.

Diante desse cenário, este artigo tem como propósito analisar a dinâmica da violência no Brasil, tendo como foco analítico um olhar sobre as ocorrências de chacinas em todo o país ao longo dos últimos dez anos.

Para tanto, utilizaremos como fonte de dados notícias dos principais jornais e estudos aprofundados de “casos densos”, buscando entender não apenas a dinâmica interna das chacinas, mas, principalmente, a formação de rede de resistência e ativismo decorrentes desses fatos.

O desafio deste artigo é construir uma cartografia política das chacinas no Brasil, atentando para a

(I) complexidade do fenômeno (quem são os envolvidos, quais as motivações, que tipo de reações políticas provocaram);

(II) diversidade do contexto em que ocorrem (conflitos de terras, disputas do mercado de drogas, conflitos com policiais etc.); e

(III) para as mobilizações políticas decorrentes desse fenômenos, uma vez que o campo político de enfrentamento à violência no Brasil forma-se, em grande medida, em reação às inúmeras chacinas ocorridas nas grandes cidades e nas lutas camponesas e indígenas por terras.

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Entretanto, a reflexão acadêmica sobre esse fenômeno é bastante escassa; os poucos estudos existentes tratam do assunto de maneira lateral ou analisam questões relacionadas à ocorrência das chacinas, como tráfico de drogas, violência policial, grupos de extermínio, taxas de homicídios etc.

Para aumentar o grau de complexidade, “chacina” não é uma categoria jurídica, como veremos mais adiante, trata-se de uma forma cotidiana de se referir a um tipo de violência extremada: a execução orquestrada de várias pessoas em uma mesma localidade.

Por outro lado, quando analisamos o campo político que se organiza a partir dos anos 1990 e que tem como bandeira o combate à violência e a garantia do direito à vida, os principais movimentos surgem como reação aos casos de chacinas.

As chacinas ocorridas em Carajás (PA), Acari (RJ), Vigário Geral (RJ), Candelária (RJ), Carandiru (SP), os Crimes de Maio (SP), Cabula (BA) são momentos críticos de problematização da violência e reivindicação de ações públicas para a garantia da vida como um direito de todos no país.

Diante desse cenário, este artigo tem como propósito analisar a dinâmica da violência no Brasil, tendo como foco analítico um olhar sobre as ocorrências de chacinas em todo o país ao longo dos últimos dez anos.

Para tanto, utilizaremos como fonte de dados notícias dos principais jornais e estudos aprofundados de “casos densos”, buscando entender não apenas a dinâmica interna das chacinas, mas, principalmente, a formação de rede de resistência e ativismo decorrentes desses fatos.

O desafio deste artigo é construir uma cartografia política das chacinas no Brasil, atentando para a

(I) complexidade do fenômeno (quem são os envolvidos, quais as motivações, que tipo de reações políticas provocaram);

(II) diversidade do contexto em que ocorrem (conflitos de terras, disputas do mercado de drogas, conflitos com policiais etc.); e

(III) para as mobilizações políticas decorrentes desse fenômenos, uma vez que o campo político de enfrentamento à violência no Brasil forma-se, em grande medida, em reação às inúmeras chacinas ocorridas nas grandes cidades e nas lutas camponesas e indígenas por terras.

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