A utilização da análise estrutural vem-se difundindo cada vez mais nas ciências humanas. Nos estudos literários, esse método tem conhecido alguns percalços. Tendo despontado nos trabalhos dos formalistas russos, por volta de 1920, não conheceu porém a mesma evolução do estruturalismo linguístico.
Enquanto os linguistas continuaram a desenvolver e a precisar o método estrutural promovendo a linguística a ciência-piloto entre as demais ciências humanas, os trabalhos pioneiros dos formalistas caíram, por certo tempo, em relativo esquecimento.
Somente uns trinta anos mais tarde esses trabalhos tiveram eco e continuação no Ocidente. O encontro de dois grandes pensadores, Roman Jakobson e Lévi-Strauss teve como resultado a eclosão do estruturalismo francês.
A análise por ambos empreendida, em 1962, do poema Les Chats de Baudelaire, deslocou para a França o centro das pesquisas estruturais em literatura. A partir de então, um grupo cada vez mais numeroso de críticos franceses vem trabalhando nesse sentido.
Entre eles, destaca-se o nome de Roland Barthes, cujo livro Critique et Vérité marcou o ponto culminante da polêmica entre a crítica tradicional e a “nouvelle critique”.
O que caracteriza o trabalho do grupo estruturalista francês é a abertura e a receptividade para o que se tem feito no mesmo sentido em outros países, a assimilação e reelaboração de idéias vindas do Leste (formalismo russo, Círculo Linguístico do Praga) como do Oeste (pesquisas semióticas norte-americanas, “new criticism”, linguística transformacional).
O método estruturalista tem sofrido inúmeras contestações.
A primeira objeção que a ele se fez, e a mais comum ainda agora, é a que diz respeito ao “formalismo”. Ora, embora o grupo russo ficasse conhecido como “formalista” e suas análises procedessem do exterior para o interior da obra — em termos saussurianos, do significante para o significado — seus componentes jamais admitiram a separação de forma e conteúdo.
Forma e conteúdo são inseparáveis. Onde está o conteúdo senão na forma? Será possível uma forma verbal sem conteúdo? A única separação que se pode fazer é operacional. E não se trata então de uma separação entre forma e conteúdo, mas de uma distinção metodológica entre “material” e “procedimento”.
As Estruturas Narrativas
- Letras, Linguística, Literatura
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