A obra de Tobias Barreto de Menezes, mais conhecido como Tobias Barreto, tem impacto em vários quadrantes da cultura e vida social brasileira na segunda metade do século XIX. Poeta, jurista, filósofo, crítico literário, ex-seminarista, músico e advogado, colocou questões centrais para a sociedade de sua época, questões estas que estão na raiz tanto do “culturalismo jurídico” quanto, também, remontam ao condoreirismo da quarta geração do Romantismo. Conta-se que era amigo de Castro Alves e não raramente o desafiava no território dos repentes e da poesia. Suas ideias, no campo do direito, atuaram sobre o pensamento de Sílvio Romero, Clóvis Bevilaqua, mais recentemente, Miguel Reale.
Originário do Nordeste, especificamente de Campos de Rio Real, interior de Sergipe, estudou a questão religiosa quando se matriculou num seminário em Salvador. Não haveria de se tornar padre, pois foi cativado para os estudos jurídicos, matriculando-se na Escola do Recife por fim. Ali passou a desenvolver pesquisas na área de filosofia do direito e de direito civil. Estamos a tratar dos oitocentos, porém já se colocava ele diante da famosa “escola finalista” ou jurisprudência dos interesses. Sem dúvida os reflexos da escola de Jhering no Brasil, fatalmente, irão se defrontar com a obra de Tobias Barreto.
No campo das ciências sociais, é possível encontrar fortes traços de sua obra no pensamento de Sílvio Romero e mesmo em Oliveira Viana. Poliglota, conseguia entrada em vários campos do saber relativos a humanidades, mas não se deixou influenciar pelo positivismo comtiano. Manteve-se na linha neokantiana, marcando uma diferença entre natureza e cultura ao mesmo tempo em que guardava uma reserva de saber “epistemológico” para a filosofia em relação à ciência. Ou seja, não aderiu a um positivismo que expulsava a metafísica e a crítica da reflexão sobre os limites e possibilidades do saber científico.
Os textos encerrados na coletânea intitulada Um discurso em mangas de camisa refletem um pouco disso demonstrado acima, porém mostram uma dimensão também política do autor. Este livro, cuja edição é da Livraria São José, datada de 1970, traz, além do mencionado discurso, reflexões sobre a Revolução Francesa, a liberdade e a igualdade entre os homens. Faremos uma análise desses textos, sem antes deixar de cotejar as reflexões de Hermes de Lima, maior estudioso da obra de Tobias, apontadas na apresentação do volume.
Um Discurso Em Mangas De Camisa
- Ciências Sociais, Filosofia, História
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