Razão Provisória

A expressão que serve de título, Razão Provisória, é inspirada num texto de Hans Blumenberg que teremos ocasião de comentar neste livro.
O próprio Blumenberg alude aí ao famoso passo cartesiano sobre a moral provisória.


É que a retórica pode assim ser entendida como o que resta do que a evidente necessidade do saber científico não alcança. Quando as verdades evidentes faltam, resta a retórica para dizer a verosimilhança.
E no entanto, também as ciências se dizem por palavras apesar da generalizada “retreat from the word” a que G. Steiner faz alusão.
A mediação retórica dos saberes científicos constitui a tema central de Razão Provisória; isto é, o que de mais provisório se apresenta à construção de pura racionalidade por eles pretendida.
“Ciência” e “Retórica”, no seu uso corrente, evocam-nos conotações bem diferentes. O termo “retórica” remete-nos para uma conotação assaz negativa que tem a ver com um pathos (emocional) pouco propício à racionalidade de um discurso argumentado e que apresenta provas das suas asserções.
Já os gregos, e particularmente os sofistas como Górgias, sabiam que a persuasão se obtinha por duas vias: a emotiva e a que usa a “força dos argumentos”.
Em suma, se toda a argumentação é retórica, nem toda a retórica é argumentativa, embora o que esteja sempre em causa, em ambos os casos, seja a persuasão. Podem diferir é os modos de a atingir.
Nenhum dos aspectos aqui se exclui, embora a atenção tenda a recair mais na vertente argumentativa da retórica.
O acento na contemporaneidade de ambas tem um sentido que convirá esclarecer. De outro modo pareceria incongruente a inicial referência ao que de aparentemente menos contemporâneo se poderia invocar, os sofistas. Da sua mais profunda antiguidade, o que o seu nome em nós desperta é a convicção de uma doutrina que, já no seu tempo, o de Platão e Aristóteles, pareceria ultrapassada ou pelo menos estes, afinal quem mais profundamente marcou o nosso ocidente cultural, assim o terão pensado.
Mas, precisamente, por as aparências não serem de fiar, bem como os estereótipos inquestionados, é que Razão Provisória procurará interrogar a configuração do pensar sofístico à luz do que nos é possível, hoje, saber.

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A expressão que serve de título, Razão Provisória, é inspirada num texto de Hans Blumenberg que teremos ocasião de comentar neste livro.
O próprio Blumenberg alude aí ao famoso passo cartesiano sobre a moral provisória.
É que a retórica pode assim ser entendida como o que resta do que a evidente necessidade do saber científico não alcança. Quando as verdades evidentes faltam, resta a retórica para dizer a verosimilhança.
E no entanto, também as ciências se dizem por palavras apesar da generalizada “retreat from the word” a que G. Steiner faz alusão.
A mediação retórica dos saberes científicos constitui a tema central de Razão Provisória; isto é, o que de mais provisório se apresenta à construção de pura racionalidade por eles pretendida.
“Ciência” e “Retórica”, no seu uso corrente, evocam-nos conotações bem diferentes. O termo “retórica” remete-nos para uma conotação assaz negativa que tem a ver com um pathos (emocional) pouco propício à racionalidade de um discurso argumentado e que apresenta provas das suas asserções.
Já os gregos, e particularmente os sofistas como Górgias, sabiam que a persuasão se obtinha por duas vias: a emotiva e a que usa a “força dos argumentos”.
Em suma, se toda a argumentação é retórica, nem toda a retórica é argumentativa, embora o que esteja sempre em causa, em ambos os casos, seja a persuasão. Podem diferir é os modos de a atingir.
Nenhum dos aspectos aqui se exclui, embora a atenção tenda a recair mais na vertente argumentativa da retórica.
O acento na contemporaneidade de ambas tem um sentido que convirá esclarecer. De outro modo pareceria incongruente a inicial referência ao que de aparentemente menos contemporâneo se poderia invocar, os sofistas. Da sua mais profunda antiguidade, o que o seu nome em nós desperta é a convicção de uma doutrina que, já no seu tempo, o de Platão e Aristóteles, pareceria ultrapassada ou pelo menos estes, afinal quem mais profundamente marcou o nosso ocidente cultural, assim o terão pensado.
Mas, precisamente, por as aparências não serem de fiar, bem como os estereótipos inquestionados, é que Razão Provisória procurará interrogar a configuração do pensar sofístico à luz do que nos é possível, hoje, saber.

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