Sobre A Tirania

Dias após a eleição de Donald Trump, o historiador Timothy Snyder postou um texto no Facebook que rapidamente foi compartilhado por dezenas de milhares de pessoas.


Ele começava assim: "Não somos mais sábios do que os europeus que viram a democracia dar lugar ao fascismo, ao nazismo ou ao comunismo no século XX. Nossa única vantagem é poder aprender com a experiência deles".
O post então apresentava vinte lições tiradas do século XX e adaptadas para o mundo de hoje - ideia que Snyder desenvolve e aprofunda em Sobre a tirania, um livro curto, para ser lido numa sentada, mas ao qual se deve voltar regularmente para recuperar o fôlego e a inspiração que permitam enfrentar os desafios do presente.

A história não se repete, mas ensina. Enquanto os Pais Fundadores dos Estados Unidos debatiam a Constituição americana, aprendiam com a história que conheciam. Temerosos de que a república democrática que imaginavam ruísse, refletiam sobre o declínio das democracias e repúblicas antigas que degeneraram em oligarquias e impérios.
Sabiam que Aristóteles advertira que a desigualdade traz instabilidade, enquanto Platão acreditava que os demagogos tiravam proveito da liberdade de expressão para tomar o poder como tiranos. Ao fundar uma república democrática alicerçada na lei e ao criar um sistema de controle, os Pais Fundadores procuraram evitar o mal que eles chamavam, assim como os antigos filósofos, de tirania.
Tinham em mente a usurpação do poder por uma única pessoa ou um grupo, ou ainda a violação da lei pelos governantes em benefício próprio. Grande parte do debate político posterior nos Estados Unidos girou em torno do problema da tirania na sociedade americana: contra os escravos e as mulheres, por exemplo.
Portanto, recorrer à história quando nossa ordem política parece estar em perigo é uma tradição americana fundamental. Se hoje tememos que o experimento democrático dos Estados Unidos esteja ameaçado de tirania, podemos seguir o exemplo dos Pais Fundadores e acompanhar a história de outras democracias e repúblicas.
Temos a vantagem de poder valer-nos de exemplos mais recentes e relevantes do que a Grécia e a Roma da Antiguidade, mas a história da democracia moderna é também uma história de declínio e queda.
Desde que as colônias americanas declararam-se independentes de uma monarquia europeia que os Fundadores consideravam “tirânica”, a história da Europa teve três importantes momentos democráticos: depois da Primeira Guerra Mundial, em 1918, depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e depois do fim do comunismo, em 1989.
Muitas democracias fundadas sob essas conjunturas fracassaram, em circunstâncias que, em certos aspectos relevantes, assemelham-se às nossas.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Sobre A Tirania

Dias após a eleição de Donald Trump, o historiador Timothy Snyder postou um texto no Facebook que rapidamente foi compartilhado por dezenas de milhares de pessoas.
Ele começava assim: “Não somos mais sábios do que os europeus que viram a democracia dar lugar ao fascismo, ao nazismo ou ao comunismo no século XX. Nossa única vantagem é poder aprender com a experiência deles”.
O post então apresentava vinte lições tiradas do século XX e adaptadas para o mundo de hoje – ideia que Snyder desenvolve e aprofunda em Sobre a tirania, um livro curto, para ser lido numa sentada, mas ao qual se deve voltar regularmente para recuperar o fôlego e a inspiração que permitam enfrentar os desafios do presente.

A história não se repete, mas ensina. Enquanto os Pais Fundadores dos Estados Unidos debatiam a Constituição americana, aprendiam com a história que conheciam. Temerosos de que a república democrática que imaginavam ruísse, refletiam sobre o declínio das democracias e repúblicas antigas que degeneraram em oligarquias e impérios.
Sabiam que Aristóteles advertira que a desigualdade traz instabilidade, enquanto Platão acreditava que os demagogos tiravam proveito da liberdade de expressão para tomar o poder como tiranos. Ao fundar uma república democrática alicerçada na lei e ao criar um sistema de controle, os Pais Fundadores procuraram evitar o mal que eles chamavam, assim como os antigos filósofos, de tirania.
Tinham em mente a usurpação do poder por uma única pessoa ou um grupo, ou ainda a violação da lei pelos governantes em benefício próprio. Grande parte do debate político posterior nos Estados Unidos girou em torno do problema da tirania na sociedade americana: contra os escravos e as mulheres, por exemplo.
Portanto, recorrer à história quando nossa ordem política parece estar em perigo é uma tradição americana fundamental. Se hoje tememos que o experimento democrático dos Estados Unidos esteja ameaçado de tirania, podemos seguir o exemplo dos Pais Fundadores e acompanhar a história de outras democracias e repúblicas.
Temos a vantagem de poder valer-nos de exemplos mais recentes e relevantes do que a Grécia e a Roma da Antiguidade, mas a história da democracia moderna é também uma história de declínio e queda.
Desde que as colônias americanas declararam-se independentes de uma monarquia europeia que os Fundadores consideravam “tirânica”, a história da Europa teve três importantes momentos democráticos: depois da Primeira Guerra Mundial, em 1918, depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e depois do fim do comunismo, em 1989.
Muitas democracias fundadas sob essas conjunturas fracassaram, em circunstâncias que, em certos aspectos relevantes, assemelham-se às nossas.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog