Segurança Alimentar E Relações Internacionais

Na perspectiva da segurança humana, a segurança alimentar é uma base para paz, estabilidade política e para a sustentabilidade.

Para pensar as possibilidades de cooperação e solidariedade para superar a fome é fundamental recorrer ao relatório “O estado da segurança alimentar e nutricional no mundo”, organizado anualmente pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a FAO (em inglês). A FAO (2018) aponta que nos últimos três anos o número absoluto de pessoas subnutridas aumentou, chegando a 821 milhões, ou aproximadamente 11% da população mundial.

Após alguns anos de queda, o número é similar ao de 2010. Porém, se recuarmos a 2005, eram 945 milhões as pessoas que enfrentavam a falta crônica de alimentos. Como se vê, o número absoluto de pessoas subnutridas tem caído, mas muito lentamente frente à urgência do problema, e o pior é que esta queda não é irreversível.

A distribuição mundial da fome é bastante heterogênea. O problema foi praticamente eliminado na América do Norte e na Europa, onde se registra que menos de 2,5% da população era faminta em 2017. Nas outras regiões o cenário foi o seguinte: África, 20,4%; Ásia, 11,4%; América Latina e Caribe, 6,1% e Oceania, 7%.

Ainda que o percentual de pessoas do mundo que passa fome tenha diminuído consistentemente nas últimas décadas, não podemos menosprezar o fato de que esse índice aumentou nos últimos anos em todas as sub-regiões da África, em partes da Ásia, na Oceania e na América do Sul. O acirramento da desigualdade social nos EUA deve agravar o quadro por lá. Mais uma vez, isso nos recorda que os avanços – muito lentos – não são irreversíveis.

As principais causas da fome hoje são eventos climáticos adversos, prevalência de conflitos armados, e crises econômicas. Com alguma exceção à primeira causa, seguramente as duas últimas são resultado da ação humana. Entretanto, se adotarmos a perspectiva de Amartya Sen, ainda que nem toda fome tenha causas humanas, é possível dizer que desde meados do século XX toda fome tem sido permitida pelos humanos.

Em outras palavras, se existem alimentos e meios técnicos de fazê-los chegar aos famintos, somente há pessoas subnutridas porque não há política que determine o fornecimento de alimentos àquelas pessoas.

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Após alguns anos de queda, o número é similar ao de 2010. Porém, se recuarmos a 2005, eram 945 milhões as pessoas que enfrentavam a falta crônica de alimentos. Como se vê, o número absoluto de pessoas subnutridas tem caído, mas muito lentamente frente à urgência do problema, e o pior é que esta queda não é irreversível.

A distribuição mundial da fome é bastante heterogênea. O problema foi praticamente eliminado na América do Norte e na Europa, onde se registra que menos de 2,5% da população era faminta em 2017. Nas outras regiões o cenário foi o seguinte: África, 20,4%; Ásia, 11,4%; América Latina e Caribe, 6,1% e Oceania, 7%.

Ainda que o percentual de pessoas do mundo que passa fome tenha diminuído consistentemente nas últimas décadas, não podemos menosprezar o fato de que esse índice aumentou nos últimos anos em todas as sub-regiões da África, em partes da Ásia, na Oceania e na América do Sul. O acirramento da desigualdade social nos EUA deve agravar o quadro por lá. Mais uma vez, isso nos recorda que os avanços – muito lentos – não são irreversíveis.

As principais causas da fome hoje são eventos climáticos adversos, prevalência de conflitos armados, e crises econômicas. Com alguma exceção à primeira causa, seguramente as duas últimas são resultado da ação humana. Entretanto, se adotarmos a perspectiva de Amartya Sen, ainda que nem toda fome tenha causas humanas, é possível dizer que desde meados do século XX toda fome tem sido permitida pelos humanos.

Em outras palavras, se existem alimentos e meios técnicos de fazê-los chegar aos famintos, somente há pessoas subnutridas porque não há política que determine o fornecimento de alimentos àquelas pessoas.

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