
África é uma brilhante síntese dos conhecimentos e das pesquisas realizadas pela Professora Therezinha de Castro, a respeito do continente negro.
Com rara precisão, assinala o despertar geopolítico dos povos colonizadores lançando-se em direção à África, como forma de complementarem suas bases físicas e econômicas.
Percorrendo os núcleos geohistóricos africanos destaca, à evidência, a situação encontrada pelos colonizadores quando de sua chegada às terras conquistadas.
Caracterizando a presença do europeu, descreve a ação dos colonizadores na conquista e ampliação das novas colônias, os choques de interesses, a formalização das fronteiras esboçados como recurso diplomático e a descentralização da base política das metrópoles, em razão da descontinuidade territorial.
De uma situação colonial, inicialmente definida, descreve toda uma evolução em direção à emancipação dos povos africanos, através dos diversos processos de descolonização, mostrando a atuação das lideranças negras, caracterizando as influências interferentes como a ação do comunismo internacional, tentando atraí-los para sua esfera de influência, o neocapitalismo nas relações “assistentes-assistidos”, os despeitos entre os países colonizadores e as distorções decorrentes da descolonização vertiginosa, do despreparo das elites, e do artificialismo da unidade nacional de cada país e das “Uniões” então estabelecidas.
Dedica um capítulo as presenças da África no Brasil e do Brasil na África, ressaltando as influências culturais recíprocas.
Therezinha de Castro foi uma historiadora, geógrafa, pesquisadora, escritora e professora brasileira. Ingressou em 1952 como geógrafa no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), professora do Colégio Pedro II e da Faculdade de Humanidades Pedro II (FAHUPE), conferencista da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e da Aeronáutica, da Escola de Guerra Naval, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), da Escola Superior de Guerra (ESG) e das delegacias da Associação de Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) em todo o país.
Foi uma das três personalidades brasileiras de maior expressão no campo da Geopolítica, no último quartel do século XX, juntamente com Golbery do Couto e Silva e Carlos de Meira Mattos. Foi referência, junto com Bertha Becker, no tocante à geopolítica da Amazônia.
Era convidada com frequência para proferir palestras e conferências sobre Geopolítica em diversos países América do Sul e em Portugal.
Como autoridade reconhecida nacional e internacionalmente em Geopolítica, sustentou com o trabalho intitulado “Antártica: Teoria da Defrontação” a tese da Antártica Brasileira, segundo a qual o Brasil deveria reivindicar o seu espaço no continente. Teria a realização de acompanhar a afirmação do país naquele continente.
Do mesmo modo, em seus trabalhos defendeu a importância estratégica do Brasil no Atlântico Sul, no contexto da segurança hemisférica.
