Flores Silvestres: Uma Antologia De Abele Rizieri Ferrari

A história de Abele Rizieri Ferrari (mais conhecido pelo pseudónimo de Renzo Novatore) parecia já estar escrita desde o dia em que nasceu, a 12 de Maio de 1890. A história de uma vida semelhante à de centenas de camponeses que ganhavam a vida no campo e nas vinhas, ou em fábricas e locais de construção da vizinha Spezia.

Sim, porque o pai de Abele, agricultor arrendatário, não tinha dúvidas sobre o que o seu filho seria quando crescesse, e naquela pequena criança viu certamente pouco mais que dois preciosos braços muito úteis para aliviar o seu trabalho diário.
Abele demonstrou rapidamente uma inteligência aguçada e uma curiosidade ardente. Enquanto frequentava a primeira classe, parece que a leitura dos livros de Pisacane, Salgari, Cattaneo, Barilli, Tolstoi e Cavallotti, era para ele um compromisso diário ao qual dedicava muitas horas.
Naqueles anos manifestou os primeiros sinais de rebelião. Rebelião contra as primeiras formas de autoridade que geralmente se encontram na vida: o pai em casa e os professores na escola. Abele rejeitou ambas. Primeiro os professores: o miúdo, intolerante ao rígido protocolo escolar da época e ao chicote, acabava sempre repreendido e relegado ao “banco do burro”. A aventura escolar de Abele acabou em poucos meses, mas ele continuou a saciar a sua fome de conhecimento e de novos estímulos com frenéticas leituras particulares, graças aos livros que levava emprestados do círculo mazziniano local, do qual era frequentador assíduo. Encontrava-se, assim, em contacto, não obstante a jovem idade, com o ambiente e os discursos dos adultos.
No entanto, o pai não se desesperou muito com a escolha do filho, pelo contrário.
Nos seus últimos escritos, Abele arrepender-se-á de não ter vivido a sua juventude como um rapaz normal, mas, por outro lado, não renunciará nunca à satisfação de reiterar a sua eterna condição de fora do normal, de exceção entre as miseráveis normas quotidianas dos trabalhadores. A propósito disso, declarou: – As pessoas chamavam-me “o louco”; a minha mãe chamava-me “lunático”, o meu pai não se preocupava comigo, e os meus amigos falavam de mim com sarcasmo e ironia, chamando-me com desprezo: “poeta”.

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A história de Abele Rizieri Ferrari (mais conhecido pelo pseudónimo de Renzo Novatore) parecia já estar escrita desde o dia em que nasceu, a 12 de Maio de 1890. A história de uma vida semelhante à de centenas de camponeses que ganhavam a vida no campo e nas vinhas, ou em fábricas e locais de construção da vizinha Spezia. Sim, porque o pai de Abele, agricultor arrendatário, não tinha dúvidas sobre o que o seu filho seria quando crescesse, e naquela pequena criança viu certamente pouco mais que dois preciosos braços muito úteis para aliviar o seu trabalho diário.
Abele demonstrou rapidamente uma inteligência aguçada e uma curiosidade ardente. Enquanto frequentava a primeira classe, parece que a leitura dos livros de Pisacane, Salgari, Cattaneo, Barilli, Tolstoi e Cavallotti, era para ele um compromisso diário ao qual dedicava muitas horas.
Naqueles anos manifestou os primeiros sinais de rebelião. Rebelião contra as primeiras formas de autoridade que geralmente se encontram na vida: o pai em casa e os professores na escola. Abele rejeitou ambas. Primeiro os professores: o miúdo, intolerante ao rígido protocolo escolar da época e ao chicote, acabava sempre repreendido e relegado ao “banco do burro”. A aventura escolar de Abele acabou em poucos meses, mas ele continuou a saciar a sua fome de conhecimento e de novos estímulos com frenéticas leituras particulares, graças aos livros que levava emprestados do círculo mazziniano local, do qual era frequentador assíduo. Encontrava-se, assim, em contacto, não obstante a jovem idade, com o ambiente e os discursos dos adultos.
No entanto, o pai não se desesperou muito com a escolha do filho, pelo contrário.
Nos seus últimos escritos, Abele arrepender-se-á de não ter vivido a sua juventude como um rapaz normal, mas, por outro lado, não renunciará nunca à satisfação de reiterar a sua eterna condição de fora do normal, de exceção entre as miseráveis normas quotidianas dos trabalhadores. A propósito disso, declarou: – As pessoas chamavam-me “o louco”; a minha mãe chamava-me “lunático”, o meu pai não se preocupava comigo, e os meus amigos falavam de mim com sarcasmo e ironia, chamando-me com desprezo: “poeta”.

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