Os textos reunidos em As Mulheres E A Mudança Nos Costumes foram sendo publicados de modo independente ao longo de três décadas, tendo sido escritos nos anos que separaram 1967 e 1997. Embora compostos com propósitos distintos e para leitores diferentes, com a certeza de despertar a polêmica e o risco de ficar aquém da intenção, possuem em comum a mesma vontade de dizer a condição feminina, seja o “mal-estar” das mulheres dos anos sessenta, sentido como limitação e inquietude pelas jovens daquela geração, seja o que pode ser esperado como sua contribuição especial para a nova sociedade que surge, tanto no plano da educação como no da ética e dos costumes, que se refletem no mundo do trabalho, da cultura e na política.
Estes breves ensaios não são propriamente nem pretendem ser científicos, no sentido que as ciências sociais desenvolveram de cientificidade, que sejam resultado de uma pesquisa organizada, com metodologia consciente e controlável. Também não chegam a ser, pelo menos em sua maioria nem tentam ser ensaios filosóficos, no sentido estrito e acadêmico de filosofia, onde sejam burilados conceitos e propostas interpretações no plano das ideias e ideais.
Recolhidos de diversos livros aqui relacionados são, antes de tudo, testemunhos de uma experiência de vida e do caminho de uma questão ainda não colocada pela filosofia e ainda não bem investigada pelas ciências humanas; são também testemunhas de uma época e de uma polêmica, que fascinou grande parte do século XX, ainda não tendo sido totalmente silenciada no começo deste século XXI.
Pelo que neste conjunto de artigos e conferências se mostra, através da minha própria variação de tom e perspectiva, talvez se perceba e registre um pouco da mudança que foi sendo feita nas reflexões sobre o assunto, em contato e em resposta às mudanças que foram acontecendo bastante rapidamente no plano das situações sociais concretas.