Jornalismo E Tecnologias Móveis

Os artigos desta coletânea em seu conjunto oferecem um panorama do ‘estado da arte’ do Jornalismo nestes tempos de convergência e mobilidade.
Naturalmente, tendo como parâmetros o bolso e a palma da mão, coloca-se de imediato a questão do tamanho

, da miniaturização que possibilita a portabilidade e a ubiqüidade, duas palavras recorrentes nos textos aqui reunidos.
Foram os transistores e sua aplicação ao rádio de pilhas, ainda na década dos 50 do século passado, que por primeira vez colocaram ‘o mundo no bolso das pessoas’. É verdade que o jornal impresso pode ser pensado como ‘o mundo levado debaixo do braço’, mas um mundo amanhecido, com cara de ontem. O rádio transistorizado criou a primeira ‘conexão contínua’ do usuário com o fluxo dos acontecimentos, inclusive com o uso de fones de ouvido nos momentos em que se desejava a audição privada.
A miniaturização procede do mecânico para o eletrônico. Em 1924, a Leica I, primeira câmera compacta com filme 35 mm a ser produzida em série, após uma sucessão de ensaios remontando a 1913, viria substituir os ‘caixões com placas ou filme de rolo’ até então utilizados por amadores e profissionais.
Com a Leica foram criadas as obras primas de fotógrafos excepcionais como Cartier Bresson e Robert Capa, mas também os registros familiares e afetivos de milhões e milhões de pessoas comuns, em todo o mundo. O toca-discos é outro exemplo de encolhimento mecânico, já na década dos 50, tornando-se o sonho de consumo de todo jovem, sequioso de ter um desses aparelhos para uso pessoal, exclusivo, na intimidade de seu quarto.
O rádio transistorizado, levado “para a cama, para o banheiro, para a praia ou para um banco de jardim”, como lembra António Fidalgo em sua contribuição nesta coleção, inaugura a fase do encolhimento eletrônico. Em seguida encolheram os gravadores de fita, calculadoras, televisores, filmadoras...
Telefones e computadores, as duas espécies estruturantes do ecossistema midiático contemporâneo, preservaram seu gigantismo e imobilidade por muito mais tempo. Quando os primeiros rádios transistorizados Spica japoneses começaram a ser comercializados no Brasil, na virada dos anos 50 para os anos 60, os computadores ainda eram obesos: pesavam toneladas, usavam válvulas e eram içados para seus lugares nos edifícios por imensos guindastes. Os telefones eram fixos, tinham discos onde hoje têm teclados, soavam todos da mesma maneira e eram pretos. Telefones brancos só para as divas de Hollywood, nos filmes em Technicolor.

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Foram os transistores e sua aplicação ao rádio de pilhas, ainda na década dos 50 do século passado, que por primeira vez colocaram ‘o mundo no bolso das pessoas’. É verdade que o jornal impresso pode ser pensado como ‘o mundo levado debaixo do braço’, mas um mundo amanhecido, com cara de ontem. O rádio transistorizado criou a primeira ‘conexão contínua’ do usuário com o fluxo dos acontecimentos, inclusive com o uso de fones de ouvido nos momentos em que se desejava a audição privada.
A miniaturização procede do mecânico para o eletrônico. Em 1924, a Leica I, primeira câmera compacta com filme 35 mm a ser produzida em série, após uma sucessão de ensaios remontando a 1913, viria substituir os ‘caixões com placas ou filme de rolo’ até então utilizados por amadores e profissionais.
Com a Leica foram criadas as obras primas de fotógrafos excepcionais como Cartier Bresson e Robert Capa, mas também os registros familiares e afetivos de milhões e milhões de pessoas comuns, em todo o mundo. O toca-discos é outro exemplo de encolhimento mecânico, já na década dos 50, tornando-se o sonho de consumo de todo jovem, sequioso de ter um desses aparelhos para uso pessoal, exclusivo, na intimidade de seu quarto.
O rádio transistorizado, levado “para a cama, para o banheiro, para a praia ou para um banco de jardim”, como lembra António Fidalgo em sua contribuição nesta coleção, inaugura a fase do encolhimento eletrônico. Em seguida encolheram os gravadores de fita, calculadoras, televisores, filmadoras…
Telefones e computadores, as duas espécies estruturantes do ecossistema midiático contemporâneo, preservaram seu gigantismo e imobilidade por muito mais tempo. Quando os primeiros rádios transistorizados Spica japoneses começaram a ser comercializados no Brasil, na virada dos anos 50 para os anos 60, os computadores ainda eram obesos: pesavam toneladas, usavam válvulas e eram içados para seus lugares nos edifícios por imensos guindastes. Os telefones eram fixos, tinham discos onde hoje têm teclados, soavam todos da mesma maneira e eram pretos. Telefones brancos só para as divas de Hollywood, nos filmes em Technicolor.

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