
A associação entre jogos e infância é coisa do passado. Nos últimos anos, jogos digitais e de tabuleiro cada vez mais refinados e complexos têm demonstrado a importância do público adulto em um mercado que movimenta valores da ordem dos bilhões em todo o mundo. Jogos estão em destaque nas prateleiras das lojas e nas livrarias, nas bibliotecas, bares, jornais, revistas e na televisão.
O mundo acadêmico também está atento ao fenômeno, acompanhando de perto a expansão do número de pessoas que jogam, a diversificação de seu perfil e o papel da indústria dos jogos no cenário cultural, político e econômico. No centro de todos esses interesses estão os próprios jogos, que finalmente conquistaram seu lugar como objeto de interesse científico.
Embora estejam hoje inseridos em um novo cenário, os jogos não são um fenômeno recente. Museus de todo o mundo abrigam artefatos que testemunham sua presença nas mais variadas épocas e culturas. Entre os mais antigos, está um jogo de tabuleiro datado de 2.600 a.C. que foi recuperado por arqueólogos em um cemitério real na Mesopotâmia.
Outro exemplo são os tabuleiros de Jogo da Velha encontrados no templo de Kurna, no Egito, identificados como sendo de 1.400 a.C.. Descobertas como essas mostram que os jogos sempre fizeram parte da cultura humana e também destacam sua presença em locais sagrados e centros de poder.
Assim como os próprios jogos, a percepção da necessidade de estudá-los também não é nova. Neste livro, abordaremos o percurso realizado por alguns pioneiros, sob uma perspectiva que identificamos pela denominação Estudos de Jogos, ou Game Studies, como são chamados no exterior.
Assim como em outros países, essa expressão em inglês também vem sendo adotada no Brasil, garantindo a oportunidade de contornar certos duplos sentidos.
Ela se torna relevante à medida que todos os estudos que tematizam os jogos são Estudos de Jogos, mas nem todos, como veremos, compartilham a abordagem do campo de conhecimento Estudos de Jogos.
Neste livro, optamos por seguir a tendência já estabelecida e utilizar as duas nomenclaturas sem diferenciação. No entanto, isso demanda ressaltar que, apesar das associações que o uso da palavra game pode trazer, os Game Studies abarcam todos tipos de jogo, não somente jogos digitais.
Essa questão é desenvolvida mais adiante, quando situamos o momento atual entre as cinco etapas que identificamos nos Game Studies.











