O livro (De)Formação Na Escola: Desvios E Desafios, organizado por Sueli Guadelupe de Lima Mendonça, José Carlos Miguel, Stela Miller e Érika Christina Köhle cobre três grandes temáticas contemporâneas da educação brasileira:
a) a mercantilização da educação e esvaziamento do currículo, com reflexões sobre as políticas de formação de professores;
b) a base nacional comum curricular da educação básica – BNCC – incluindo a base comum nacional da formação de professores e
c) a problemática das iniciativas dos projetos de escola sem partido e militarização das escolas públicas. Esta amplitude de temas procura rastrear o impacto das políticas neoliberais e conservadoras sobre o campo da educação.
Uma das formas de luta, no presente estágio de enfrentamento dessas políticas, e que compete à academia desenvolver, é o desvelamento tanto dos fundamentos como das consequências que estas estão produzindo na educação brasileira.
(De)Formação Na Escola é um alerta veemente que vem somar-se aos estudos nacionais e internacionais que apontam para os graves limites de transposição dessas políticas para o cenário da educação brasileira, políticas estas vastamente consideradas desastrosas ou deformadoras da educação pública em países onde já foram aplicadas – a começar pelos que lhes deram origem: Estados Unidos e Chile.
Nos últimos anos, esse movimento denominado de reforma empresarial da educação, produzido mundialmente no âmbito de governos neoliberais pós década de 70 do século passado, ganhou espaço no Brasil e mais recentemente, em 2018, criou uma aliança eleitoral com setores conservadores e militares. Pelo lado conservador surgem ações como o movimento escola sem partido e a militarização de escolas.
Pelo veio neoliberal, este modelo educacional aprofunda o que já vinha sendo desenhado desde as discussões sobre a base nacional comum curricular (BNCC) e antes delas na construção do Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, enfatizando um “alinhamento” entre a BNCC, os materiais de ensino (impressos ou online), e as avaliações nacionais, como forma de controlar conteúdos e abordagens nas escolas.