
Convido-lhes, leitores e leitoras, a um passeio nas feiras populares do Brasil, Galiza-Espanha e de Moçambique-África. Especificamente, estou lhes oferecendo a minha companhia para conhecer feiras da Amazônia, do Rio Grande do Norte, de Sergipe, de Pernambuco, da Paraíba, da Bahia, de Minas Gerais, de Goiás, do Rio Grande do Sul, de São Paulo, de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Peço-lhes que venham com a sacola cheia de entusiasmo…
Pois bem!
Não são poucas as pessoas, entre as quais, as organizadoras deste livro, Sônia de Souza Mendonça Menezes e Maria Geralda de Almeida que, ao saírem de suas respectivas cidades para outros lugares, quando visitam, inclusive, outros países, procuram os mercados populares e as feiras. Há um motivo especial nesse propósito: as feiras são a alma de um lugar. Por meio delas, se conhece o rosto do povo; seus gostos; seus saberes e seus sabores. E também – e essencialmente – a sua labuta pela sobrevivência.
Aquelas pessoas, como as organizadoras e os autores de Vamos Às Feiras!, sabem que as feiras são marcas identitárias; dizem o lugar e o território; a cultura e o trabalho. E ainda esclarecem: a identificação com as feiras, como é também o meu caso, é um modo de ver a pessoa por dentro. As feiras atestam o gosto pela cultura popular.
Nas feiras suor e voz se casam; cores, sabores e gostos fazem juntar o estômago, a cultura e a economia.
Esse livro trata disso.
Ademais, as feiras, em suas multiplicidades, especialmente as feiras populares, agregam o que é diferente num mesmo espaço – e fazem da diferença uma unidade patenteada nesse ponto: ali, vivamente, compradores, vendedores e produtores se aglutinam numa operação que, ao mesmo tempo, envolve trabalho, renda, afeto e entretenimento.
A coleção de artigos que compõe Vamos Às Feiras!, conforme o título menciona, parte de uma premissa – e dela se escoa do primeiro ao último artigo: as feiras no Brasil possuem várias dimensões. Embora, há também alusão à feira de Moçambique-África, o multidimensionamento das feiras prova que lhe é correlato múltiplos tempos. Tradição e ressignificação comandam as temporalidades das feiras, comandam-nas e as atualizam num expediente central da vida contemporânea: a relação entre a aquisição do alimento e a sua comercialização.
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