
A pretensão do Professor Ruy Póvoas de descrever com três elementos o tecido social do povo de terreiro revela um movimento triádico semelhante ao processo tese-antítese-síntese hegeliano. São eles: Memória, Feminino e Candomblé. Tudo isso tem o objetivo de tornar claros os intricados e as complexidades da religião dos orixás.
Por um fio, este livro não seria escrito. Tudo começou quando a Professora Doutora Elis Cristina Fiamengue, em nome da Doutora Dulce Consuelo Andreatta Whitaker, da UNESP/ARARAQUARA, me convidou para participar de um grupo, que escreveria um livro denominado Memórias De Um Brasil Profundo: Funções Do Esquecimento.
O objetivo principal desse projeto de livro seria a relação entre memória e esquecimento, referindo-se esse esquecimento àquilo que estava sendo considerado como Brasil Profundo. Ficou acertado que eu escreveria um capítulo para o referido livro, intitulado Memória Do Feminino No Candomblé.
De início, um roteiro de atividades: referencial teórico-metodológico, categorias, procedimentos de análise, instrumentos, ferramentas e leitura, muita leitura. E conversa, muita conversa.
Nisso, foram providenciais as discussões com Dinalva Nascimento, Elis Fiamengue, Marialda Silveira, José Luiz de França Filho, Raimunda d’Alencar, Evani Pedreira e Baísa Nora.
O próprio tema me obrigava a incursões por terrenos movediços, em algumas áreas não tão bem vistas assim, por parte da Academia. Mas o que fazer de mim mesmo, se minha vida se constitui num eterno navegar por múltiplos espaços?
Então, lá me fui eu, também, e principalmente, pelos espaços do terreiro. Nisso, a necessidade de também ouvir, ver, olhar, enxergar, pois no candomblé, a construção do conhecimento também passa pelo corpo. Daí, o bom número de narrativas e imagens aqui presentes.
A lembrança de Penépole e de Iemanjá Ogunté fez surgir em mim a idéia de tecedura, tecelagem, tecido. E deixei a imaginação fazer o resto.











