A Obra De Arte Literária

Roman Ingarden - A Obra De Arte Literária

Roman Ingarden, em A Obra De Arte Literária, propõe-se a determinar conceitualmente o que define como essência da obra literária: uma estrutura fundamental comum a todos os textos literários, independentemente do valor que a eles possa ser atribuído.

Para tal, o teórico lança mão de determinadas noções da fenomenologia de Edmund Husserl, que concebe o mundo real e os seus elementos como objetividades puramente intencionais, que têm o seu fundamento ontológico e a sua razão determinante nas profundidades da pura consciência constitutiva.

Assim, Ingarden estabelece o que, na sua concepção, não pertence à obra literária: o autor e seus destinos, vivências e estados psíquicos; as qualidades, vivências ou estados psíquicos do leitor; a esfera dos objetos e das situações que constituem o modelo dos objetos e das situações que figuram na obra.

Após delimitar o seu campo de estudo, Ingarden afirma que a obra literária consiste em uma produção constituída por vários estratos heterogêneos, que lhe conferem o caráter de construção orgânica, cuja unidade se baseia na particularidade dessas camadas singulares.

Segundo Ingarden, essas camadas inter-relacionam-se, contribuindo para a unidade do texto, o que confere à obra literária um caráter polifônico. Além da formação estratificada, o teórico ressalta ainda, como parte da estrutura da obra, o seu caráter sequencial, isto é, a ordenação de suas partes que se organizam de forma sucessiva e interdependente, apresentando-se sob a forma de fases.

Eis o caráter bidimensional da obra literária concebido por Roman Ingarden.

Por último, é interessante notar que, embora afirme que as vivências do leitor não devem ser tomadas como parte integrante da obra literária, o teórico aponta a importância do receptor para a “vida” da obra.

Uma vez que esta se apresenta como uma construção esquemática, em que se verificam pontos de indeterminação a serem preenchidos, nunca é apreendida na sua plenitude.

Adquire vitalidade ao atingir a sua expressão numa multiplicidade de concretizações e ao sofrer transformações em consequência de concretizações sempre novas, estruturadas convenientemente por sujeitos conscientes. Assim, cada concretização transcende a obra literária.

 

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

A Obra De Arte Literária

Roman Ingarden – A Obra De Arte Literária

Roman Ingarden, em A Obra De Arte Literária, propõe-se a determinar conceitualmente o que define como essência da obra literária: uma estrutura fundamental comum a todos os textos literários, independentemente do valor que a eles possa ser atribuído.

Para tal, o teórico lança mão de determinadas noções da fenomenologia de Edmund Husserl, que concebe o mundo real e os seus elementos como objetividades puramente intencionais, que têm o seu fundamento ontológico e a sua razão determinante nas profundidades da pura consciência constitutiva.

Assim, Ingarden estabelece o que, na sua concepção, não pertence à obra literária: o autor e seus destinos, vivências e estados psíquicos; as qualidades, vivências ou estados psíquicos do leitor; a esfera dos objetos e das situações que constituem o modelo dos objetos e das situações que figuram na obra.

Após delimitar o seu campo de estudo, Ingarden afirma que a obra literária consiste em uma produção constituída por vários estratos heterogêneos, que lhe conferem o caráter de construção orgânica, cuja unidade se baseia na particularidade dessas camadas singulares.

Segundo Ingarden, essas camadas inter-relacionam-se, contribuindo para a unidade do texto, o que confere à obra literária um caráter polifônico. Além da formação estratificada, o teórico ressalta ainda, como parte da estrutura da obra, o seu caráter sequencial, isto é, a ordenação de suas partes que se organizam de forma sucessiva e interdependente, apresentando-se sob a forma de fases.

Eis o caráter bidimensional da obra literária concebido por Roman Ingarden.

Por último, é interessante notar que, embora afirme que as vivências do leitor não devem ser tomadas como parte integrante da obra literária, o teórico aponta a importância do receptor para a “vida” da obra.

Uma vez que esta se apresenta como uma construção esquemática, em que se verificam pontos de indeterminação a serem preenchidos, nunca é apreendida na sua plenitude.

Adquire vitalidade ao atingir a sua expressão numa multiplicidade de concretizações e ao sofrer transformações em consequência de concretizações sempre novas, estruturadas convenientemente por sujeitos conscientes. Assim, cada concretização transcende a obra literária.

 

https://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-imagine-branca/

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog