Os Camponeses Do Morro Alto: Família E Trabalho No Litoral Norte Do Rio Grande Do Sul No Pós-Abolição (1890-1930)

Tratemos do assunto sobre o qual os ex-escravos da região do Morro Alto não queriam falar. Apresentados por um guia em inícios do século XX, obtivemos um panorama dos moradores dali naquele antanho.

Através de suas histórias — particularmente as da família dos ex-escravos Felisberta e Manoel Inácio (que aqui foi escolhida como forma de enfocar o segmento social de que faziam parte) — conheceremos melhor o funcionamento do trabalho familiar, na roça e na criação, durante a Primeira República. Mais história social do que história econômica, logo adiante descobriremos, contudo, que são duas coisas que não podem ser separadas, em especial no período e comunidade tradicional em questão; sobretudo quando o assunto é família e trabalho. Em lugar da quantificação massiva de fontes seriais optou-se pela realização de entrevistas de história oral e pela análise qualitativa de documentação esparsa.
Veremos que, com efeito, trata-se de segmento populacional invisibilizado na sociedade sul-riograndense, de onde resulta em uma quantidade de documentos disponíveis demasiadamente modesta para aplicação de metodologia serial. O e-book inclui trechos da minha tese e de artigos apresentados em congressos científicos, mas foram reescritos de forma a integrá-los em uma narrativa coesa, organizada em torno dos eixos “família” e “trabalho”. Há material inédito, e o restante sofreu ajustes e reestruturações. Esses eixos foram investigados em referência a um momento no qual se operava a passagem de uma economia solidária, amparada na ajuda familiar e vicinal, para outra já pautada por transações monetarizadas, maior ligação com o mercado, trabalho temporário e circulação mais intensa de mercadorias.
Nos anos de 2001 e 2004 envolvi-me, respectivamente, na participação em equipes responsáveis pela elaboração dos laudos de reconhecimento das comunidades de Morro Alto e Família Silva como “remanescentes de quilombos”, nos termos do artigo 68 dos atos das disposições constitucionais transitórias. Elas situam-se, cada qual, na divisa dos municípios de Maquiné e Osório, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e no bairro Três Figueiras da capital gaúcha. Esse dispositivo legal oferece a garantia de titularização de suas terras para comunidades negras tradicionais, e a ele recorreram tais grupos em situação de conflitos fundiários diante dos quais figuras jurídicas como o usucapião revelaram-se pouco eficazes. Em seu caso, o expediente constitucional pôde servir como ferramenta de efetivação de direitos. Este livro resulta, ainda que de forma mediada, e não diretamente, dos mencionados esforços de pesquisa.

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Tratemos do assunto sobre o qual os ex-escravos da região do Morro Alto não queriam falar. Apresentados por um guia em inícios do século XX, obtivemos um panorama dos moradores dali naquele antanho. Através de suas histórias — particularmente as da família dos ex-escravos Felisberta e Manoel Inácio (que aqui foi escolhida como forma de enfocar o segmento social de que faziam parte) — conheceremos melhor o funcionamento do trabalho familiar, na roça e na criação, durante a Primeira República. Mais história social do que história econômica, logo adiante descobriremos, contudo, que são duas coisas que não podem ser separadas, em especial no período e comunidade tradicional em questão; sobretudo quando o assunto é família e trabalho. Em lugar da quantificação massiva de fontes seriais optou-se pela realização de entrevistas de história oral e pela análise qualitativa de documentação esparsa.
Veremos que, com efeito, trata-se de segmento populacional invisibilizado na sociedade sul-riograndense, de onde resulta em uma quantidade de documentos disponíveis demasiadamente modesta para aplicação de metodologia serial. O e-book inclui trechos da minha tese e de artigos apresentados em congressos científicos, mas foram reescritos de forma a integrá-los em uma narrativa coesa, organizada em torno dos eixos “família” e “trabalho”. Há material inédito, e o restante sofreu ajustes e reestruturações. Esses eixos foram investigados em referência a um momento no qual se operava a passagem de uma economia solidária, amparada na ajuda familiar e vicinal, para outra já pautada por transações monetarizadas, maior ligação com o mercado, trabalho temporário e circulação mais intensa de mercadorias.
Nos anos de 2001 e 2004 envolvi-me, respectivamente, na participação em equipes responsáveis pela elaboração dos laudos de reconhecimento das comunidades de Morro Alto e Família Silva como “remanescentes de quilombos”, nos termos do artigo 68 dos atos das disposições constitucionais transitórias. Elas situam-se, cada qual, na divisa dos municípios de Maquiné e Osório, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e no bairro Três Figueiras da capital gaúcha. Esse dispositivo legal oferece a garantia de titularização de suas terras para comunidades negras tradicionais, e a ele recorreram tais grupos em situação de conflitos fundiários diante dos quais figuras jurídicas como o usucapião revelaram-se pouco eficazes. Em seu caso, o expediente constitucional pôde servir como ferramenta de efetivação de direitos. Este livro resulta, ainda que de forma mediada, e não diretamente, dos mencionados esforços de pesquisa.

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