
O projeto que deu origem à experiência relatada neste livro foi desenvolvido no âmbito de uma gestão pública que considerava o uso de drogas como um fenômeno heterogêneo. Isto, por sua vez, implicava numa decisão política de realizar projetos voltados não para todas as formas de uso de drogas, mas àquelas que envolviam populações mais vulneráveis e expostas a violência, fracasso escolar e a processos de ruptura e exclusão social.
Estes fenômenos podem ser observados em populações em situação de rua, transexuais, profissionais do sexo, adolescentes em processo de abandono escolar, especialmente em áreas mais pobres da cidade, com poucas oportunidades de lazer e cultura. Esta perspectiva se inseria em um amplo conjunto de ações desenvolvidas no âmbito de um projeto de governo denominado Curitiba Mais Humana.
O Conexão Jovem sobreviveu e agora faz parte de um repertório de boas experiências nacionais na área das políticas sobre drogas. Esta sobrevivência de boas práticas, sua análise e avaliação são fundamentais para o atual contexto das políticas em saúde mental. Os últimos anos têm sido marcados por uma profunda crise do regime político inaugurado a partir de um pacto social que tem sua formalização na constituição de 1988.
A obra que se apresenta traz os principais resultados obtidos entre 2017 e 2018 com o projeto Conexão Jovem no trabalho com crianças e adolescentes em regiões de vulnerabilidade social. Além disso, compõe a obra alguns artigos teóricos sobre a atuação no território com o público jovem, que visam oferecer uma reflexão aprofundada sobre as necessidades, desafios e propostas existentes nesse campo.
O projeto Conexão Jovem faz parte de um conjunto de boas experiências que esperam por uma nova inflexão da política, atualmente voltada à segregação e exclusão. Esperam por nova inflexão, natural nos processos cíclicos da história, em que o poder público torne-se novamente sensível e empático, para que assim possam ser nacionalmente reproduzidas.
