
A prosa de Rinaldo tem o jeito de conversa. Parece que ele está ao nosso lado, puxando pela memória pedaços de sua vida, que vão desde a infância e adolescência, no interior de Minas Gerais, à vida adulta, em São Paulo, em meio à tentativa de fazer cinema, sonho que acalenta desde a infância.
Rinaldo parece escrever como quem fala, com a naturalidade e a espontaneidade da linguagem oral. Mas escrever assim, acreditem, não é nada fácil. Não adianta simplesmente soltar o verbo e deixá-lo cavalgar na página. Tem de saber conter o trote, sem desembestar.
Segurar a atenção do leitor e, ao mesmo tempo, mostrar a beleza da paisagem, sem atropelar a ordem dos acontecimentos. Rinaldo, que aprendeu ouvindo histórias de família, sabe levar esse cavalo e embelezar nossa vida com suas palavras.
Léo, O Pardo é um livro bonito, comovente e carregado de experiência de vida. O autor buscou em sua própria vida a matéria para escrever seu livro de estreia, uma autobiografia.
Assim como Léo, seu personagem, ele também sonhava, como ainda sonha, em um dia ser cineasta, fazer filmes e vê-los projetados na tela grande. O sonho nasceu quando menino, após ver Charles Chaplin interpretando o eterno Carlitos, com seu humor e sua poesia. Mas o caminho para o cinema, ou para qualquer sonho, não é pequeno, principalmente quando se nasce numa família humilde, de poucas condições econômicas, num país como o nosso.
Léo foi aprendendo com a vida, relembrando casos de seus antepassados escravos; enfrentando, no presente, o preconceito por ser pardo, como ele mesmo diz; trabalhando em vários lugares, seja no campo ou na cidade; e chegando a São Paulo, onde, depois de algum tempo, conseguiu entrar na faculdade e se formar.
É assim, com uma narração cativante e corajosa, que Rinaldo se apresenta ao leitor, desfiando histórias de sua vida que passam a ser um pouco nossas também.

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