Revista Página 22 Nº 107

- Além dos estereótipos: Elas reúnem significativa parte da população brasileira e têm o menor acesso a oportunidades. Só por esses dois motivos as periferias urbanas e o combate às desigualdades socioespaciais já mereceriam figurar no topo das prioridades da gestão pública.


Mas as periferias também importam por tudo o que representam: imensa criatividade, forte relacionamento comunitário, enorme expressividade cultural, um celeiro de ideias e inovações, potencialidades as mais heterogêneas possíveis.
Historicamente, as periferias no Brasil influenciam comportamentos, tendências e movimentos culturais que acabam apropriados pelo “centro”. Ainda assim, este centro se refere às periferias de forma pouco elogiosa, geralmente nivelando-as como uma massa homogênea: “comunidades carentes”, “aglomerados subnormais”, “assentamentos precários”, “indigentes”.
Por que só enxergar escassez onde existem riquezas tão abundantes?
O conceito de riqueza, infelizmente, ainda é determinado pela régua econômica, que por sua vez desconsidera ativos menos tangíveis, como os vínculos sociais, a espontaneidade, o jeito de ser e de viver das periferias.
Muito assediadas em períodos de campanha eleitoral, essas populações ficam praticamente invisíveis tão logo os gestores assumem seus cargos. Afogada em números e indicadores que pouco traduzem as especificidades de territórios tão singulares e diversos entre si, a administração pública perde a oportunidade de desenvolver nesses locais todo o potencial que ali reside. Perdem as periferias, perdem os centros, perdem todos.
Este Projeto Especial de PÁGINA22, que tivemos a honra de realizar em parceria com a Fundação Tide Setubal, é um convite para que a gestão pública aprofunde o olhar sobre esses territórios tão valiosos e incrivelmente ainda pouco compreendidos.
- Entrevista: A socióloga Maria Alice Setubal e o jornalista Tony Marlon defendem o uso de "periferias", no plural, pois são “múltiplas, diversas, divergentes e, algumas vezes, convergentes”.
- Gestão Pública: Influenciados por múltiplos fatores, gestores públicos tomam decisões e alocam recursos sem conhecer a fundo o seu grande eleitorado: as populações periféricas - Indicadores: Dados certeiros poderiam oferecer uma visão mais clara das mazelas das periferias.
- Participação: Iniciativas buscam reduzir a distância entre as populações periféricas e o poder público. Em São Paulo, plano de bairro surge como alternativa de mobilização.
- Caminhos: Aplicar o conhecimento cotidiano dos habitantes já é um componente importante para promover a integração urbana das periferias.
- Tecnologia: Como a tecnologia pode modernizar a gestão pública e aproximar as políticas dos anseios sociais.

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Além dos estereótipos: Elas reúnem significativa parte da população brasileira e têm o menor acesso a oportunidades. Só por esses dois motivos as periferias urbanas e o combate às desigualdades socioespaciais já mereceriam figurar no topo das prioridades da gestão pública.
Mas as periferias também importam por tudo o que representam: imensa criatividade, forte relacionamento comunitário, enorme expressividade cultural, um celeiro de ideias e inovações, potencialidades as mais heterogêneas possíveis.
Historicamente, as periferias no Brasil influenciam comportamentos, tendências e movimentos culturais que acabam apropriados pelo “centro”. Ainda assim, este centro se refere às periferias de forma pouco elogiosa, geralmente nivelando-as como uma massa homogênea: “comunidades carentes”, “aglomerados subnormais”, “assentamentos precários”, “indigentes”.
Por que só enxergar escassez onde existem riquezas tão abundantes?
O conceito de riqueza, infelizmente, ainda é determinado pela régua econômica, que por sua vez desconsidera ativos menos tangíveis, como os vínculos sociais, a espontaneidade, o jeito de ser e de viver das periferias.
Muito assediadas em períodos de campanha eleitoral, essas populações ficam praticamente invisíveis tão logo os gestores assumem seus cargos. Afogada em números e indicadores que pouco traduzem as especificidades de territórios tão singulares e diversos entre si, a administração pública perde a oportunidade de desenvolver nesses locais todo o potencial que ali reside. Perdem as periferias, perdem os centros, perdem todos.
Este Projeto Especial de PÁGINA22, que tivemos a honra de realizar em parceria com a Fundação Tide Setubal, é um convite para que a gestão pública aprofunde o olhar sobre esses territórios tão valiosos e incrivelmente ainda pouco compreendidos.
Entrevista: A socióloga Maria Alice Setubal e o jornalista Tony Marlon defendem o uso de “periferias”, no plural, pois são “múltiplas, diversas, divergentes e, algumas vezes, convergentes”.
Gestão Pública: Influenciados por múltiplos fatores, gestores públicos tomam decisões e alocam recursos sem conhecer a fundo o seu grande eleitorado: as populações periféricas – Indicadores: Dados certeiros poderiam oferecer uma visão mais clara das mazelas das periferias.
Participação: Iniciativas buscam reduzir a distância entre as populações periféricas e o poder público. Em São Paulo, plano de bairro surge como alternativa de mobilização.
Caminhos: Aplicar o conhecimento cotidiano dos habitantes já é um componente importante para promover a integração urbana das periferias.
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