Reflexões E Práticas De Transformação Feminista

O feminismo que se orienta pela construção de um mundo no qual a igualdade seja um princípio organizador costuma sempre alertar que as conquistas das mulheres não percorrem um caminho linear.

Nos anos 1990, quando prevalecia uma visão triunfalista sobre os direitos das mulheres, sobretudo em espaços internacionais pautados pelas Nações Unidas, alertamos que o mercado estava reorganizando a vida das mulheres e isso nos colocava novos desafios.
Nos anos 2000, mudar o mundo e mudar a vida das mulheres, ao mesmo tempo, foi a visão que orientou a construção de agendas políticas que colocaram o feminismo no centro das lutas contra o neoliberalismo e o livre comércio na América Latina. Para isso, as mulheres se posicionaram no debate econômico ao reivindicar a valorização do salário mínimo como uma agenda feminista e impulsionaram uma ofensiva contra a mercantilização do corpo e da vida das mulheres baseada na auto-organização, na retomada da mobilização e em práticas feministas de ocupação de espaços públicos, com batucadas e intervenções urbanas.
A diversidade das mulheres que protagonizaram estes processos é sem dúvida uma marca da construção deste feminismo anti-sistêmico, não institucionalizado e militante no Brasil.
Olhar para esse processo de construção nos ajuda a refletir sobre o momento em que vivemos hoje. Ao longo de 2015, a Marcha Mundial das Mulheres realizou sua quarta ação internacional. No Brasil, a ação se realizou de forma descentralizada passando por 10 estados diferentes, conectando as resistências das mulheres frente ao avanço do capitalismo patriarcal sobre os nossos corpos, trabalho e territórios.
Com o eixo “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, esta foi uma ação de formação política e mobilização para denunciar as causas que nos oprimem e nos discriminam como mulheres em todo o mundo. Descentralizada, a quarta ação permitiu fortalecer as resistências e alternativas das mulheres, conectando a resistência das indígenas contra o genocídio e o agronegócio no Mato Grosso do Sul, com a das trabalhadoras rurais que enfrentam a mineração em Minas Gerais.
Também conectou as estratégias das mulheres para garantir a autonomia sobre seu corpo no Rio Grande do Sul, ao enfrentamento à violência sexista no Ceará e na Paraíba; a construção da agroecologia no Rio Grande do Norte se conectou com a luta por autonomia econômica em São Paulo e a denúncia da exploração do trabalho das mulheres pelas empresas transnacionais nas 24 horas de solidariedade feminista.

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O feminismo que se orienta pela construção de um mundo no qual a igualdade seja um princípio organizador costuma sempre alertar que as conquistas das mulheres não percorrem um caminho linear. Nos anos 1990, quando prevalecia uma visão triunfalista sobre os direitos das mulheres, sobretudo em espaços internacionais pautados pelas Nações Unidas, alertamos que o mercado estava reorganizando a vida das mulheres e isso nos colocava novos desafios.
Nos anos 2000, mudar o mundo e mudar a vida das mulheres, ao mesmo tempo, foi a visão que orientou a construção de agendas políticas que colocaram o feminismo no centro das lutas contra o neoliberalismo e o livre comércio na América Latina. Para isso, as mulheres se posicionaram no debate econômico ao reivindicar a valorização do salário mínimo como uma agenda feminista e impulsionaram uma ofensiva contra a mercantilização do corpo e da vida das mulheres baseada na auto-organização, na retomada da mobilização e em práticas feministas de ocupação de espaços públicos, com batucadas e intervenções urbanas.
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Olhar para esse processo de construção nos ajuda a refletir sobre o momento em que vivemos hoje. Ao longo de 2015, a Marcha Mundial das Mulheres realizou sua quarta ação internacional. No Brasil, a ação se realizou de forma descentralizada passando por 10 estados diferentes, conectando as resistências das mulheres frente ao avanço do capitalismo patriarcal sobre os nossos corpos, trabalho e territórios.
Com o eixo “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, esta foi uma ação de formação política e mobilização para denunciar as causas que nos oprimem e nos discriminam como mulheres em todo o mundo. Descentralizada, a quarta ação permitiu fortalecer as resistências e alternativas das mulheres, conectando a resistência das indígenas contra o genocídio e o agronegócio no Mato Grosso do Sul, com a das trabalhadoras rurais que enfrentam a mineração em Minas Gerais.
Também conectou as estratégias das mulheres para garantir a autonomia sobre seu corpo no Rio Grande do Sul, ao enfrentamento à violência sexista no Ceará e na Paraíba; a construção da agroecologia no Rio Grande do Norte se conectou com a luta por autonomia econômica em São Paulo e a denúncia da exploração do trabalho das mulheres pelas empresas transnacionais nas 24 horas de solidariedade feminista.

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