O campo da comunicação e o universo da política constituem âmbitos de vasto alcance para o investigador, pois respeitam a atividades naturalmente humanas que se foram desenvolvendo à medida que o Homem e as sociedades progrediram. Tanto a política como a comunicação integram hoje uma multiplicidade fecunda de conceitos, princípios, técnicas e meios.
Ainda que a grande “explosão da comunicação” se tenha dado nos anos 40 do século passado, o certo é que o seu desenvolvimento foi progressivo, desde a Antiguidade, com os impulsos decisivos dos contextos sociais e das técnicas que se sucederam. Por outro lado, desde as primeiras formas de agrupamentos humanos, existiu sempre uma cultura política a orientar o comportamento em sociedade relativamente às coisas públicas. A política vai muito além do mero exercício de um poder delegado e publicamente reconhecido; a mesma decorre dos posicionamentos e condutas de cada sujeito em relação ao outro e ao todo social em que se integra, já que “é um operador de produção de sentido, com uma significação próxima, ainda que não idêntica, do conceito de habitus de Pierre Bourdieu, enquanto ‘estruturas interiorizadas, esquemas comuns de percepção e de ação’ (…), sistemas de leitura, interpretação e avaliação da realidade sócio-política”.
O período a que se reporta o nosso estudo foi marcado por uma revolução que implicou a substituição do regime monárquico pelo republicano, assumindo uma dimensão particularmente política. A generalidade dos historiadores considera que, à semelhança de outros países, a imprensa periódica foi determinante em todo o processo que conduziu à implantação da República, ao funcionar como a grande força impulsionadora da gênese e do desenvolvimento do republicanismo durante a monarquia. A propaganda republicana veiculada pelos muitos jornais que foram editados, sobretudo a partir da instituição da liberdade de imprensa com a Lei de 22 de Dezembro de 1834, constituiu uma decisiva atividade de algumas elites nacionais que conseguiram mobilizar as massas que viriam a cooperar na imposição do novo regime. Depressa os partidários de outras ideias políticas e o próprio governo começariam a aperceber-se do poder da imprensa na sociedade, a usá-la em seu favor e, no caso das autoridades governamentais, a travar a todo o custo a influenciação política que os seus adversários exerciam através dela.
A Interação Entre O Universo Político E O Campo Da Comunicação
- Ciências Sociais, Comunicação
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