Platão – Sobre A MentiraSobre A Mentira
e Sobre A Inspiração Poética, conhecidos também como Hípias Menor e Íon, são dois dos quase trinta diálogos do jovem Platão (427-347 a.C.) que chegaram até nós.
Neles, o principal discípulo de Sócrates usa de toda sua verve brincalhona e irônica para, como lhe é característico, transformar os mais simples debates sobre o ser humano e suas questões em deleitosos embates intelectuais.
No primeiro diálogo, Sócrates e Hípias examinam o mérito de se saber mentir. Será que a capacidade de inventar fatos e manipular a realidade pode ser algo positivo? Já no segundo diálogo, Sócrates e Íon, um recitador profissional de poesias, discutem qual a melhor maneira de se apreciar uma obra literária.
Íon e Hípias menor figuram tradicionalmente entre os trabalhos do “período da juventude” de Platão (427-347 a.C.).
Da vasta produção do filósofo ateniense – que chega a quase trinta diálogos –, estão entre os mais breves e divertidos, destacando-se pela caracterização vívida e a linguagem descontraída e risonha, além de uma ironia bastante acentuada, traços que tornam sua leitura agradável e possibilitam ao iniciante um primeiro contato com o universo platônico – aqui ainda distante da formulação mais densa da chamada “teoria das ideias”, exposta e desdobrada só em obras posteriores.
Nestes dois diálogos, e em quase todos, Sócrates é a figura principal, responsável por conduzir a conversa com o interlocutor, que como de praxe empresta seu nome ao título da obra.
Nascido em 469 a.C., esse ateniense teve atuação destacada no cenário helênico da segunda metade do século V a.C., trazendo para o centro da discussão filosófica, em suas reflexões, não mais o universo e a natureza, mas o homem e sua capacidade de conhecimento.
Partindo do princípio de que a consciência da própria ignorância era sua maior sabedoria, e de que os ditos sábios apenas expunham opiniões oportunas, sem cuidar da verdade, Sócrates afirmava atuar como simples “parteiro”, auxiliando os que o ouviam na busca do conhecimento que já tinham em si mesmos.
Acabou preso e condenado à morte por envenenamento, em 399 a.C., sob a acusação de não cultuar os deuses regulares da pólis e corromper os jovens.
Não deixou obra escrita; de sua vida e convicções nos dão o mais completo testemunho as obras de seu principal discípulo, embora não seja possível determinar o que é propriamente socrático e o que é platônico nos diálogos – afirmação que se aplica também ao Íon e ao Hípias menor.
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