Pierre Bourdieu – A Dominação Masculina
Neste livro, Pierre Bourdieu, um dos mais importantes intelectuais da França, levanta explicitamente a questão da ordem sexual, lembrando a necessidade de uma ação coletiva de resistência feminina, com o objetivo de impor reformas jurídicas e políticas capazes de alterar o estado atual da relação de forças – material ou simbólica – entre os sexos.
Em A Dominação Masculina, o autor convoca as mulheres a se comprometerem com uma ação política capaz de abalar as instituições vigentes, estatais ou jurídicas, que contribuem para eternizar a sua subordinação.
Em especial, chama atenção para aquilo que apelida de “violência simbólica, a violência suave, insensível, invisível às suas próprias vítimas, que se exerce por vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento.”
Bourdieu incita as feministas a uma luta aberta contra essa violência surda, exercida pelo Estado, pela escola e pela mídia, para que possam finalmente assumir um papel original e bem definido, no seio mesmo das lutas políticas contra todas as formas de dominação.
Considerado a esquerda da esquerda francesa, defensor de uma nova forma de engajamento político e intelectual, Bordieu descreve magistralmente estes dispositivos ideológicos responsáveis por uma indesejável des-historização da história e uma consequente eternização do arbítrio.
Para o autor, o movimento feminista não deve mais deixar-se encerrar apenas em formas de luta política rotuladas de feministas. É necessário, antes de tudo, uma ação política que leve em conta e combata as estruturas incorporadas e as estruturas de grandes instituições nas quais se realizam e se produzem não só a ordem masculina mas também a ordem social.
Somente assim, e trabalhando com as contradições inerentes aos diferentes mecanismos ou instituições, poderão contribuir para o progressivo desaparecimento da dominação masculina.
“… sempre vi na dominação masculina, e no modo como é imposta e vivenciada, o exemplo por excelência desta submissão paradoxal, resultante daquilo que eu chamo de violência simbólica, violência suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instância, do sentimento.
Essa relação social extraordinariamente ordinária oferece também uma ocasião única de apreender a lógica da dominação..”
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