
Este livro reúne uma série de textos escritos sobre África-Brasil; alguns deles foram apresentados no âmbito das atividades promovidas por um Grupo de Trabalho do III Seminário Nacional de Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), realizado em 2020 e cujo tema “Distopias dos Extremos: Sociologias Necessárias” mobilizou pesquisadores e pesquisadoras de várias partes do Brasil.
Outros textos, por sua vez, foram produzidos por especialistas a partir do convite feito pelos organizadores da coletânea. Em comum, os capítulos do livro abordam diversos aspectos da África, da experiência da travessia afro-diaspórica e dos desdobramentos dessa experiência no Brasil, a partir de uma rede de conexões caracterizadas por diálogos, trocas e influências mútuas, tanto de um lado do Atlântico, quanto do outro.
Além de tentar apreender uma África policentrada e multifacetada e de considerar a travessia geográfica realizada pelos africanos em direção às Américas, com destaque para o Brasil, os autores se debruçaram em torno das formas, circuitos e legados sociais, econômicos, políticos, religiosos e simbólicos derivados dessa empresa de interdependências e sobredeterminações de experiências viajantes, de acervos e vocabulários transculturais e liames glocais (local e global).
Os treze capítulos reunidos em África E Brasil: Fluxos E Refluxos foram produzidos por especialistas de diferentes áreas e formações acadêmicas, fato que nos permite observar os temas da África, da diáspora africana e da afrodescendência no Brasil sob uma gama variada de pontos de vista. As análises apresentadas configuram um mosaico de ideias e hermenêuticas de um painel interdisciplinar (e transdisciplinar), que colabora para a compreensão de alguns dos aspectos candentes de diferentes domínios da África e do Brasil.
Dentre estes, destacam-se os capítulos sobre Angola, Benim, Gana, Costa do Marfim, bem como aqueles dedicados à experiência afro-brasileira, aos dilemas das relações raciais e aos desafios do racismo e antirracismo, sobressaindo-se, neste caso, os capítulos acerca das imagens e representações da África no Brasil, da história, cultura e identidade afro-brasileira, da afrocentricidade na educação, do protagonismo negro e da Lei 10.639/2003, que incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História da África e da Cultura Afro-Brasileira”.
Alguns capítulos investigam as maneiras de pensar, viver e agir de determinados lugares do continente africano, com os autores e as autoras procurando entender tais experiências a partir de uma perspectiva êmica, ou seja, a partir dos sentidos e significados que os próprios sujeitos conferiram (e conferem) às suas vidas, ações e gramáticas político-culturais, com destaque para as perscrutações a respeito dos “costumes em comum”, da herança e impasses da situação colonial e dos desafios pós-coloniais colocados na ordem do dia à luz de projetos nacionais modernizantes, calcados em interlocuções atlânticas e afro-diaspóricas, visões desenvolvimentistas e narrativas da globalização.

Baixe os demais volumes da coleção aqui.










