O Rei De Havana

Cuba, anos 1990. Após fugir de um reformatório, o jovem Reinaldo vaga pelas ruas em busca de abrigo e comida. Sem família, amigos ou qualquer objetivo de vida, Rei procura viver minuto a minuto.

Enquanto caminha sem rumo, pedindo esmolas e lutando para sobreviver, ele convive com os mais diversos tipos do submundo cubano: mendigos, bêbados, travestis, prostitutas, traficantes, ladrões e vendedores ambulantes, todos famintos e atormentados pela miséria. Apesar do sofrimento diário em uma cidade imunda e arruinada, essa gente permanece invulnerável, buscando no amor, no sexo e na diversão algo que torne a vida menos amarga. Neste romance contundente, Pedro Juan Gutiérrez explora os limites da dignidade humana.

Aquele pedaço de cobertura era o mais porco do edifício inteiro. Quando começou a crise de 1990, ela perdeu o emprego de faxineira. Então fez como muita gente: arranjou galinhas, um porco e umas pombas. Construiu uma gaiola de tábuas podres, pedaços de lata, sobras de barras de aço, arames. Comiam alguns e vendiam outros. Sobrevivia no meio da merda e do fedor dos bichos. Às vezes, o edifício chegava a não ter água durante vários dias. Então, vociferava com os meninos, acordava os dois de madrugada, e com tapas e empurrões os obrigava a descer os quatro andares e subir pela escada uns tantos baldes, tirados de um poço que inacreditavelmente existia na esquina, coberto com uma tampa de esgoto.
Os meninos tinham na época nove e dez anos. Reynaldo, o menor, era tranqüilo e silencioso. Nelson, mais fogoso, se rebelava sempre e às vezes gritava com ela, enfurecido:
- Não grite mais comigo, porra! O que é que você quer?
Ela era manca da perna direita e um pouco limítrofe ou tonta. Não era boa da cabeça. Desde menina. Talvez de nascença. Sua mãe vivia junto com eles. Tinha uns cem anos, ou mais, ninguém sabia. Todos num quarto em ruínas de três por quatro, e um pedaço de pátio ao ar livre. A velha não tomava banho fazia anos. Muito magra de tanta fome. Uma longa vida de fome e miséria permanente. Já estava cascuda.

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Cuba, anos 1990. Após fugir de um reformatório, o jovem Reinaldo vaga pelas ruas em busca de abrigo e comida. Sem família, amigos ou qualquer objetivo de vida, Rei procura viver minuto a minuto. Enquanto caminha sem rumo, pedindo esmolas e lutando para sobreviver, ele convive com os mais diversos tipos do submundo cubano: mendigos, bêbados, travestis, prostitutas, traficantes, ladrões e vendedores ambulantes, todos famintos e atormentados pela miséria. Apesar do sofrimento diário em uma cidade imunda e arruinada, essa gente permanece invulnerável, buscando no amor, no sexo e na diversão algo que torne a vida menos amarga. Neste romance contundente, Pedro Juan Gutiérrez explora os limites da dignidade humana.

Aquele pedaço de cobertura era o mais porco do edifício inteiro. Quando começou a crise de 1990, ela perdeu o emprego de faxineira. Então fez como muita gente: arranjou galinhas, um porco e umas pombas. Construiu uma gaiola de tábuas podres, pedaços de lata, sobras de barras de aço, arames. Comiam alguns e vendiam outros. Sobrevivia no meio da merda e do fedor dos bichos. Às vezes, o edifício chegava a não ter água durante vários dias. Então, vociferava com os meninos, acordava os dois de madrugada, e com tapas e empurrões os obrigava a descer os quatro andares e subir pela escada uns tantos baldes, tirados de um poço que inacreditavelmente existia na esquina, coberto com uma tampa de esgoto.
Os meninos tinham na época nove e dez anos. Reynaldo, o menor, era tranqüilo e silencioso. Nelson, mais fogoso, se rebelava sempre e às vezes gritava com ela, enfurecido:
– Não grite mais comigo, porra! O que é que você quer?
Ela era manca da perna direita e um pouco limítrofe ou tonta. Não era boa da cabeça. Desde menina. Talvez de nascença. Sua mãe vivia junto com eles. Tinha uns cem anos, ou mais, ninguém sabia. Todos num quarto em ruínas de três por quatro, e um pedaço de pátio ao ar livre. A velha não tomava banho fazia anos. Muito magra de tanta fome. Uma longa vida de fome e miséria permanente. Já estava cascuda.

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