Fabián e o Caos se passa nos anos 1960, período que marcou o início do governo revolucionário de Fidel Castro que tomou o poder em 1959. Um momento que, por ser demais conflitante, une dois rapazes que aparentemente não têm nada em comum. Fabián é um apaixonado pelo piano e a música clássica, arte pela qual ele sublima sua homossexualidade sufocada e a realidade ao redor, cada vez mais agressiva. Já Pedro Juan, ao contrário, é o próprio jovem insolente, hedonista, preocupado apenas em viver bem, o que o obriga a contornar problemas.
Como ambos exibem culpas condenadas pelo novo governo (sexualidade anormal e vagabundagem), são obrigados a trabalhar em uma fábrica de enlatados, na condição de párias da sociedade revolucionária. Surge ali uma amizade improvável, mas confortadora.
Dono de uma visão impiedosa sobre seu país (alguns de seus livros nem foram publicados lá), Gutiérrez aproveita a atual abertura vivida por Cuba para também incluir críticas políticas mais incisivas contra a revolução. E, de quebra, volta com o personagem Pedro Juan, alter ego presente em outros romances e que, agora, revela uma doçura incontestável.
Pedro Juan Gutiérrez nasceu em Cuba, em 1950. Desde os onze anos, exerceu os mais diversos ofícios: vendedor de sorvete e de jornal, instrutor de caiaque, cortador de cana-de-açúcar e operário agrícola, soldado, locutor de rádio e jornalista, entre muitos outros. Atualmente mora em Havana, onde se dedica à literatura e à pintura. Teve sua obra publicada em vinte países, com sucesso de crítica e de público. É autor, entre outros livros, de Trilogia suja de Havana, O rei de Havana e Animal tropical.