
Muito tem sido debatido e escrito sobre os estudos de gênero e sexualidade, bem como, suas intersecções com as pedagogias culturais. Entendemos as pedagogias culturais, que além dos muros dos espaços escolares, compreendem outros espaços sociais que também educam, produzem significados, que são negociados, constantemente com o seu/sua interlocutor/a.
Queremos, então, trazer destaque, para este volume, o cinema, enquanto aparato cinematográfico, ou seja, um sistema de imagens em movimento, assim como todos os elementos que o compõem a fim de construir representações culturais da “realidade” de temas como gênero, sexualidade, entre outros. Para este nono volume da Coleção Sexualidade & Mídias, Leituras Sobre A Sexualidade Em Filmes: As Pedagogias Culturais Em Foco, destacamos o gênero e a sexualidade em filmes, artefatos culturais que personificam o caráter do cinema como prática social.
Laura Mulvey, em seu artigo “Prazer Visual e Cinema Narrativo” ilustra, com sucesso, a forma de que o aparato cinematográfico se configura a fim de evidenciar figuras de gênero e sexualidade, em um contexto de relação “filme-espectador/a”. A autora discorre que “o ponto de partida é a forma como o cinema reflete, revela e até brinca com as interpretações concretas e socialmente estabelecidas das diferenças sexuais que controlam a imagem, as formas eróticas de se enxergar e o espetáculo.
É útil para entender o que o cinema têm sido, como sua mágica foi trabalhada anteriormente, ao mesmo tempo que procura aplicar uma teoria e prática que vai desafiar esse cinema do passado”. O seu texto, mesmo tendo sido escrito há mais de quatro décadas atrás, é atemporal. A passagem nos parece extremamente apropriada para o que o nosso volume engloba: questões sobre o gênero e a sexualidade no cinema, como um espaço que constrói pedagogias, no âmbito do cinema, que formam/transformam ideias, noções e conceitos, além do intercâmbio constante de sentidos e significados entre o mundo “real” e o ficcional.
Nesse caso, nada mais apropriado do que (re) lembrar as categorias de gênero e sexualidade como construtos sociais de indivíduos/sujeitos de corpos genderificados e fluidos. Além disso, cabe ressaltar o caráter formador do cinema, mas também (des) construidor de representações tendenciosas e preconceituosas que englobam o racismo, sexismo, homofobia, e também, questões sobre masculinidades, feminilidades, entre outros aspectos de grande relevância ao tema de gênero e sexualidade.
