
Percurso Do Reconhecimento
- Ciências Sociais, Filosofia, Linguística
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Paul Ricoeur - Percurso Do Reconhecimento
A obra, que reúne o conteúdo de três conferências realizadas na Áustria, parte da perplexidade do autor no tocante ao estatuto semântico do termo 'reconhecimento', que nunca foi particularizado em nenhuma obra filosófica de reputação.
Deve existir uma razão para que nenhuma obra de boa reputação filosófica tenha sido publicada sob o título O Reconhecimento. A razão disso seria que estaríamos lidando com um falso verdadeiro conceito que oferece ao autor em busca de novidade a armadilha de um verdadeiro falso tema?
E, no entanto, a palavra é recorrente em minhas leituras, ora aparecendo como um diabo inoportuno, ora sendo bem acolhida, até mesmo esperada nos lugares certos. Em que lugares?
Aqui se oferece o socorro dos dicionários. Dediquei-me, como bom aluno de uma boa escola britânica da linguagem ordinária, a soletrar as significações segundo seu contexto singular de uso na língua comum.
E foi desse trabalho do polegar, feito de página em página, com uma palavra explicando outra, com um sinônimo chamando um antônimo, que ganhou força uma primeira organização, a elo léxico da língua comum.
Seríamos nós os primeiros a folhear desse modo os léxicos?
Antes de nós, a grande filosofia alemã dos séculos XIX e XX havia incorporado a pesquisa filológica à elaboração de seus conceitos diretores. E, adiantando-se a todos, os pensadores gregos da era clássica, com o bom professor Aristóteles na liderança, percorriam como hábeis lexicógrafos o grande livro dos costumes, apontando nos poetas e nos oradores o desenvolvimento de vocábulos apropriados, antes que o uso tivesse apagado o relevo dessas novas peças do intercâmbio linguístico.
Embora a frequentação dos léxicos não seja estranha às investigações de sentido nos grandes canteiros filosóficos, ela ocupou em minhas pesquisas um lugar inusual em razão da carência semântica que surpreende o pesquisador filosófico no início de sua pesquisa.
É como se o vocábulo "reconhecimento" tivesse uma estabilidade lexical que justificasse seu lugar a título de verbete no léxico, na ausência de qualquer apadrinhamento filosófico que estivesse à altura da amplitude do campo de suas ocorrências.
Esta parece ser a situação inicial que justifica que a pesquisa lexicográfica seja levada mais longe que em um prefácio convencionado e constitua enquanto tal a primeira fase de uma tentativa de agrupamento semântico.
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