Nas últimas décadas, têm sido vários os estudos que documentam a importância das notícias na vida dos públicos mais jovens, argumentando sobre a presença da atualidade na sua socialização e na construção de significados sobre o mundo.
No contexto português, são ainda escassas as pesquisas desenvolvidas sobre esta problemática, particularmente no que concerne ao universo das crianças.
É nesse sentido que esta obra analisa e debate sobre as formas de acesso e de consumo de notícias, por crianças portuguesas a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Básico.
Incidindo particularmente sobre como os tópicos da atualidade mediática ajudam estes públicos a apreender e a assimilar o mundo global e o mundo imediato, coloca-se a tónica na receção noticiosa e na ideia de público como sujeito.
Com base em metodologias quantitativas e qualitativas, conclui-se que a natureza do envolvimento dos públicos mais novos com as notícias é contextualizada em função de variáveis sociodemográficas, do background familiar e do tipo de mediação que aí se pratica, dos interesses e experiências pessoais, e das formas de exposição mediática.
É de salientar que as crianças contactam habitualmente com a atualidade em momentos de reunião familiar, embora demonstrem pouco interesse nos tópicos apresentados.
Os resultados evidenciam que a informação noticiosa é vista como referência para conhecer o mundo e que o diálogo com os adultos pode ser um elemento impulsionador do gosto pela informação e um auxiliar fundamental na compreensão das notícias.
O que esta investigação coloca em discussão (e bem) deriva da falta de adequação dos espaços de informação (principalmente da informação televisiva) aos interesses das crianças e aos seus níveis de desenvolvimento.
Em palavras simples: as crianças gostam de notícias que expliquem o mundo de forma compreensível e que ajudem à sua compreensão.