Os Filhos Do Barro

Segundo Octavio Paz, em “Os filhos do Barro”, as poéticas da modernidade nasceram com o romantismo, o primeiro movimento estético “moderno” e a grande negação da modernidade.

Nascido no contexto do século XVIII, o romantismo, diz Paz, foi uma criação da razão crítica, utópica e revolucionária. Porém, o romantismo é uma autonegação, ou uma negação dentro da própria modernidade, como afirma Paz.
O autor, ao abordar a história da literatura mundial e hispano-americana, busca uma conciliação entre a “atemporalidade da experiência do poeta e a temporalidade do sujeito histórico”. A poesia, sob a perspectiva do poeta mexicano, é um fenômeno atemporal e ultrapassa a história e ao mesmo tempo se insere na mesma, como uma força crítica e revolucionária. O poema está inserido no tempo da razão e ultrapassa-o.
A tensão entre o caráter temporal e atemporal da experiência poética gera, nos ensaios de Paz, uma ruptura com a visão linear da história. A poesia foi a primeira linguagem dos homens e a condição de existência de toda a sociedade, pois é filha do mito e do tempo cíclico. Porém, a poesia ao materializar-se em poema é historicizada: “Alias para o poeta mexicano, se o poema permanece historicamente, é porque está habitado por essa ‘voz anti-moderna’, condição para que ele, no fluxo das mudanças, seja sempre diferente sem deixar de ser o mesmo, afirmando a sua trans-historicidade”. A trans-historicidade da poesia, sob a perspectiva de Paz, possibilita que o poema resista à ação corrosiva do tempo da história, permitindo a leitura e a tradução do mesmo por outras gerações. Ao transcender os limites da história, o poema, pela trans-historicidade, torna-se historicamente eterno, afirma Esther Maciel.
Através do jogo entre o caráter atemporal da poesia e temporal do poema, esse último realiza sua inserção na história, ingressando, assim, no fluxo progressivo do tempo linear da modernidade. Todavia, a outra voz do poema, a voz do mito relacionada ao tempo cíclico, confronta-se com o tempo da razão e da técnica. A poesia é, para o poeta mexicano, simultaneamente um fenômeno moderno e anti-moderno. A poesia é moderna ao inserir-se na história, mas expressa, também, a rebelião contra o tempo retilíneo da razão instrumental.

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