O Manejo Da Paisagem E A Paisagem Do Manejo

Apresenta, por meio das experiências desenvolvidas no âmbito do Consórcio um panorama geral do manejo florestal no Brasil e do contexto que o circunda.

O estado de conservação de nossas paisagens naturais, assim como o das florestas que as compõem, está sujeito a milhares de decisões, tomadas cotidianamente: o caboclo do Rio Purus que escolhe, na mata, a árvore que irá cortar para fabricar tábuas e consertar sua casa à beira do rio; o tecnocrata que traça, em sua repartição em Brasília, o contorno de uma proposta de Floresta Nacional no mapa; o proprietário da madeireira, tentado a cortar além do limite permitido pelo seu plano de manejo florestal, para liquidar as prestações de seu novo maquinário; o agente do IBAMA que suspeita que o madeireiro esteja burlando a legislação e se pergunta se os meios de que dispõe são suficientes para levar a cabo uma operação de controle – e se tal operação vai, efetivamente, culminar com uma ação penal.

E sujeito, também, às escolhas de quem nunca chegou perto de uma floresta: o cidadão da metrópole, na loja de móveis, indeciso entre uma cama de madeira e uma de metal; o cliente de supermercado, na Europa, curioso pelo novo sorvete de açaí; o banqueiro de Wall Street que cogita em investir na produção de etanol no Brasil; o mochileiro, na Austrália, que surfa na Internet à procura de pacotes de ecoturismo baratos na Amazônia.

Muitas dessas decisões não estão diretamente ligadas a florestas ou paisagens. Seja sobre políticas agrícolas e comerciais, sobre a pertinência da pavimentação de uma estrada que corta a floresta, sobre saúde rural e programas educacionais ou sobre regimes de ocupação fundiária, todas elas são capazes de produzir impactos de maior alcance - mais sutis e, em muitos casos, mais marcantes - nas florestas do que as decisões diretamente relacionadas ao manejo florestal.

É possível que decisões diferentes tenham efeitos antagônicos, como no cabo-de-guerra da política. Muitas vezes não dispomos de meios para implementá-las; às vezes, produzem um resultado oposto, ou diferente, do esperado. E é a soma desses impactos que irá determinar o destino de nossas florestas.

Diante da dificuldade de compreender a complexidade dos fatores que influenciam florestas e paisagens, assim como de identificá-los e tomar as decisões corretas, talvez a mais importante de todas as decisões que venhamos a tomar seja sobre a maneira como tomamos nossas decisões.

Em qual esfera devem ser tomadas as decisões acerca dos diferentes tipos de florestas e paisagens? Individual, comunitária, municipal, estadual, regional, nacional, internacional?

A experiência diz que as melhores decisões são aquelas tomadas por aqueles que dependem diretamente dos recursos da floresta. Contudo, muitas decisões somente podem ser tomadas em nível nacional ou internacional – principalmente em se tratando de mudanças climáticas, a grande questão com a qual a humanidade se depara no momento.

Como assegurar a participação de todos os atores envolvidos? Como integrar os diferentes níveis de modo a planejar efetivamente na escala das paisagens? E como munir os tomadores de decisões das informações necessárias e precisas – e, a seguir, monitorar o impacto dessas decisões?

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O estado de conservação de nossas paisagens naturais, assim como o das florestas que as compõem, está sujeito a milhares de decisões, tomadas cotidianamente: o caboclo do Rio Purus que escolhe, na mata, a árvore que irá cortar para fabricar tábuas e consertar sua casa à beira do rio; o tecnocrata que traça, em sua repartição em Brasília, o contorno de uma proposta de Floresta Nacional no mapa; o proprietário da madeireira, tentado a cortar além do limite permitido pelo seu plano de manejo florestal, para liquidar as prestações de seu novo maquinário; o agente do IBAMA que suspeita que o madeireiro esteja burlando a legislação e se pergunta se os meios de que dispõe são suficientes para levar a cabo uma operação de controle – e se tal operação vai, efetivamente, culminar com uma ação penal.

E sujeito, também, às escolhas de quem nunca chegou perto de uma floresta: o cidadão da metrópole, na loja de móveis, indeciso entre uma cama de madeira e uma de metal; o cliente de supermercado, na Europa, curioso pelo novo sorvete de açaí; o banqueiro de Wall Street que cogita em investir na produção de etanol no Brasil; o mochileiro, na Austrália, que surfa na Internet à procura de pacotes de ecoturismo baratos na Amazônia.

Muitas dessas decisões não estão diretamente ligadas a florestas ou paisagens. Seja sobre políticas agrícolas e comerciais, sobre a pertinência da pavimentação de uma estrada que corta a floresta, sobre saúde rural e programas educacionais ou sobre regimes de ocupação fundiária, todas elas são capazes de produzir impactos de maior alcance – mais sutis e, em muitos casos, mais marcantes – nas florestas do que as decisões diretamente relacionadas ao manejo florestal.

É possível que decisões diferentes tenham efeitos antagônicos, como no cabo-de-guerra da política. Muitas vezes não dispomos de meios para implementá-las; às vezes, produzem um resultado oposto, ou diferente, do esperado. E é a soma desses impactos que irá determinar o destino de nossas florestas.

Diante da dificuldade de compreender a complexidade dos fatores que influenciam florestas e paisagens, assim como de identificá-los e tomar as decisões corretas, talvez a mais importante de todas as decisões que venhamos a tomar seja sobre a maneira como tomamos nossas decisões.

Em qual esfera devem ser tomadas as decisões acerca dos diferentes tipos de florestas e paisagens? Individual, comunitária, municipal, estadual, regional, nacional, internacional?

A experiência diz que as melhores decisões são aquelas tomadas por aqueles que dependem diretamente dos recursos da floresta. Contudo, muitas decisões somente podem ser tomadas em nível nacional ou internacional – principalmente em se tratando de mudanças climáticas, a grande questão com a qual a humanidade se depara no momento.

Como assegurar a participação de todos os atores envolvidos? Como integrar os diferentes níveis de modo a planejar efetivamente na escala das paisagens? E como munir os tomadores de decisões das informações necessárias e precisas – e, a seguir, monitorar o impacto dessas decisões?

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