
O que é a literatura sem a língua e/ou vice-versa?
Desde há muitos anos, essa é uma inquietação de muitos estudiosos da intrínseca relação entre língua e literatura.
Nessa esteira, para o profissional do grande domínio das Letras, pensar o ensino e seus vieses é tarefa indispensável, posto ser um caminho de confluência dessas áreas que se tornaram, por assim dizer, um desafio para o profissional das línguas e suas respectivas literaturas.
Por esse prisma, trazemos em Línguas, Literaturas E Ensino, contribuições que dão conta das duas grandes áreas seja pelos caminhos das literaturas, seja pelas línguas, buscando fazer emergir reflexões que se constituem na tônica da vivência da maioria dos profissionais de Letras: o ensino.
Os capítulos que compõem Línguas, Literaturas E Ensino são ponderações, portanto, sobre a literatura, a língua e o ensino; sem deixar de lado, evidentemente, a cultura, uma vez que ela está intrinsecamente a eles ligada, como componentes que alicerçam a vivência do professor e também de outros profissionais da linguagem.
As reflexões aqui colocadas ressaltam essa problemática entre língua e literatura pela ótica da contemporaneidade, sem deixar de resgatar o fato de que não se trata de uma corrente nova ou modismo, pois quando buscamos nas gavetas da memória, encontramos nos anos finais da década de 1960, a emblemática fala de Jakobson: “Se existem alguns críticos que ainda duvidam da competência da Linguística para abarcar o campo da Poética, tenho para mim que a incompetência poética de alguns linguistas intolerantes tenha sido tomada por uma incapacidade da própria ciência linguística”.
Parece-nos que o visionário linguista russo consegue resumir em algumas palavras um pensamento que ainda hoje ecoa em diversos espaços das Letras.
Não à toa, Beth Brait nos relembra o que o poeta francês Paul Valéry resume em uma ideia consistente e muito verdadeira. Ora, para ele, a literatura seria tão somente uma reunião bem selecionada, e elaborada com cuidado, de algumas propriedades da língua; o que para a linguista brasileira é uma falsa dicotomia, considerando-se que a literatura é arquitetada a partir de elementos linguísticos.











