
A obra Vogais Pretônicas No Brasil: Uma Proposta De Descrição A Partir Da Fala De Salvador, de Myrian Barbosa da Silva, justifica-se pelo aporte que traz para o conhecimento das vogais médias pretônicas no português brasileiro e como amostra de uma metodologia de análise que se acredita bastante útil para embasar outras pesquisas voltadas para esse tema.
O corpus analisado, extraído do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta (Projeto NURC), é também um ponto a destacar pelo fato de esse projeto representar a primeira pesquisa de grande extensão, realizada no Brasil, desenvolvida, simultaneamente, nas cinco capitais mais antigas e mais populosas (pelo menos, com um milhão de habitantes), na década de 1970, sob a liderança de Nelson Rossi — projeto relacionado ao Proyecto de Estudio de la Norma Lingüística Urbana Culta, proposto por Juan Lope Blanch (Universidad Nacional Autónoma de México) para as capitais de língua espanhola, em 1963.
A diferença de timbre entre as vogais médias pretônicas, como se sabe, é importante fator na diferenciação entre as áreas brasileiras, verificando-se a predominância de vogais abertas, nas áreas mais ao Norte, e de vogais fechadas, nas que ficam mais ao Sul, fato para o qual chamara atenção Nascentes, já em 1953, após haver realizado, em suas palavras: “o meu ardente desejo de percorrer todo o Brasil, do Oiapoc ao Xuí (sic), de Recife a Cuiabá”, na proposta de divisão do “falar brasileiro” em dois grupos. Segundo o autor, “o que caracteriza estes dois grupos é a cadência e a existência de pretônicas abertas em vocábulos que não sejam diminutivos nem adverbios (sic) em mente.
Entende-se, assim, o interesse que o fato tem despertado entre os pesquisadores, documentando-se artigos e referências em obras variadas, teses e dissertações que dele se ocupam, como testemunha, por exemplo, a relação que aqui se apresenta, no Apêndice 2.
Em Vogais Pretônicas No Brasil, Myrian Silva retoma dados de sua tese intitulada As pretônicas no falar baiano: a variedade culta de Salvador, que utilizou como corpus dados de falantes soteropolitanos que integram o corpus do Projeto NURC/Salvador.
