O Desafio De Lula
– Em um livro-entrevista, concedida a Gianni Carta, o diretor de redação de CartaCapital analisa a situação brasileira.
O Desafio De Lula é, antes de tudo, o desafio de uma nação, demonstra Mino Carta em uma caudalosa entrevista a Gianni Carta, na qual frequentemente recorre ao passado para analisar o presente e o futuro. “O golpe favorece os ricos e super-ricos”, afirma em um trecho o diretor de redação da CartaCapital, antes de propor. “Qual a saída? A reação popular maciça e destemida. E bem liderada. A tomada da casa-grande”.
Em O Desafio De Lula, Mino e Gianni Carta tomam a palavra para expor suas posições sobre os principais acontecimentos que marcam a realidade política nacional. Para eles, o rumo tomado pelo governo brasileiro – voltado exclusivamente para fortalecer os ricos e os super-ricos – explicita a estreiteza da elite econômica nacional, composta pelos “inquilinos da casa-grande”, que não aceitam acordos com o trabalhador.
A impossibilidade de um entendimento entre capital e trabalho no Brasil demarca os contornos do cenário atual, para o qual não há saída sem um enfrentamento, um grande abalo social. Nesse sentido, o desafio está posto àquele que é “o único líder popular nacional verdadeiro”: haveria de ser a hora da revolta e apenas Lula seria capaz de engajar o povo brasileiro em um amplo movimento popular pela democracia.
Mas Lula saberia mobilizar o povo como, quando presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, mobilizou os seus comandados e 100 mil brasileiros lotaram a Vila Euclydes por longos dias a fio.
Sim, já soube mobilizar, e até hoje ele sabe falar ao povo de forma incomparável, haja vista as caravanas no Nordeste, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Receio, porém, que ele tenha percebido que uma coisa é mobilizar para o voto, ou para uma festa sem riscos – e o povo brasileiro é profundamente festeiro –, e outra para a revolta.