Para Milton Santos, o espaço é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações e é com base nessa ideia e nas noções de técnica e de tempo, de razão e de emoção, que propõe a construção de um sistema de pensamento que busca entender o espaço geográfico.
Levando em conta a nova realidade trazida pelo processo de globalização que se instalava à época, o geógrafo Milton Santos buscou auxílio na história, na filosofia, na sociologia e em outras disciplinas humanas e sociais, para propor esta teoria geral do espaço humano.
Passados vários anos desde sua primeira edição, A Natureza Do Espaço ainda mantém o interesse de geógrafos e profissionais que estudam as questões urbanas, dada a riqueza de análise desse geógrafo de renome internacional.
A Natureza Do Espaço resulta de um velho projeto e envolve uma pesquisa começada há muitos anos. A tarefa se foi avolumando como também foi crescendo a nossa hesitação diante do que deveria realmente ser o seu conteúdo.
O período técnico-científico da história humana, que balbuciava desde o fim da Segunda Guerra Mundial,” ia pouco a pouco tomando mais corpo, mostrando aqui e ali seus aspectos centrais, mas permitindo apenas lentamente uma apropriação sistemática dos seus fundamentos. Com os anos 80, veio a grande aceleração. Então, a nossa timidez e as nossas hesitações cresceram ainda mais, atrasando a realização daquele sonho.
Quando Jean Brunhes publica, em 1914, o seu livro A Geografia Humana,, ele também se desculpa diante de seu público e do seu editor por um atraso de dez anos. Nossa culpa é dobrada, porque nosso projeto é ainda mais velho. Mas podemos, com ele, dizer que “o meu atraso deve-se ao escrúpulo e não à negligência”.
A pesquisa em que se baseia esta obra, e de que resultaram outros trabalhos, atravessa, pois, quase um quarto de século, arrastando com ela as consequências conhecida s neste gênero de exercício.
Quanto à interpretação da atualidade, sabemos, também, que, nestes tempos acelerados, o tropel dos eventos desmente verdades estabelecidas e desmancha o saber. Mas a moda avassaladora das citações frescas não pode eliminar os debates inspirados em ideias filosóficas cuja lição não é circunstancial.
Talvez por isso mesmo, possamos escapar àquele medo de Maximilien Sorre, na introdução ao seu Tratado, quando temia que certas páginas de seu livro pudessem estar envelhecidas antes de impressas. Daí a ressalva: “aceitarei esta desgraça sem estar demasiadamente afetado, se o leitor lhe quiser solicitar sobretudo uma orientação e um método”.
Faça uma doação para a Biblioteca Livr’Andante
e ganhe esta camisa ou escolha outros dos
nossos brindes.