
Imitemos um pouco a sabedoria dos nossos adversários. Vejam, todos os governos têm na boca a palavra liberdade, enquanto os seus atos são reacionários. Que as autoridades revolucionárias não façam mais frases, mas usando uma linguagem mais moderada, a mais pacífica possível, façam a revolução.
É totalmente o inverso do que as autoridades revolucionárias, em todos os países fizeram até hoje: elas foram a maior parte das vezes excessivamente enérgicas e revolucionárias em sua linguagem e muito moderadas, para não dizer muito reacionárias, nos seus atos.
Pode-se mesmo dizer que a energia da linguagem, a maior parte das vezes, serviu-lhes de máscaras para enganar o povo, para lhe esconder a fraqueza e a incoerência de seus atos.
Há homens, muitos homens na burguesia supostamente revolucionária, que ao pronunciarem algumas palavras revolucionárias, julgam fazer a revolução, e que, depois de as terem pronunciado, se julgam com o direito de cometer atos de fraqueza. inconsequências fatais, atos de pura reação.
Nós somos revolucionários para valer, fazemos absolutamente o contrário. Falamos pouco de revolução, mas fazemo-la. Deixemos por agora a outros o cuidado de desenvolver teoricamente os princípios da revolução social, e contentemo-nos em aplicá-los, em encarná-los nos fatos.
Entre os nossos amigos e aliados, os que me conhecem bem, talvez fiquem espantados por eu sustentar agora esta linguagem, eu, que fiz tanta teoria, e que me mostrei sempre um guardião zeloso e feroz dos princípios.
Ah! É que os tempos mudaram. – Então, ainda há um ano, nos preparávamos para a revolução, que esperávamos, uns mais tarde, outros mais cedo, – e agora, digam os que disserem os cegos, estamos em plena revolução.
Então era absolutamente necessário sustentar alto a bandeira dos princípios teóricos, expor bem alto estes princípios em toda sua pureza, a fim de formar um partido por pouco numeroso que fosse, mas composto unicamente por homens que estivessem sinceramente, plenamente, apaixonadamente ligados a estes princípios, de modo que cada um, em tempo de crise, pudesse contar com todos os outros.
Agora já não se trata de recrutar. Nós conseguimos formar, bem ou mal, um pequeno partido – pequeno em relação ao número de homens que aderem a ele com conhecimento de causa, imenso relativamente aos seus aderentes instintivos, relativamente às massas populares das quais ele representa as necessidades melhor do que qualquer outro partido.
