No Brasil, não se faz política só no “quadradinho”. Ainda que a Constituição de 1988 tenha alocado muito poder em instituições cujas sedes têm endereço dentro das quatro linhas perpendiculares que formam o Distrito Federal, o exercício da política no país extrapola, em muito, o que ocorre nos gabinetes de Brasília.
Os governadores têm – de fato e de direito – prerrogativas muito importantes em seus estados (herança das capitanias), prefeitos – sobretudo de capitais – exercem mandatos de modo inovador e dinâmico e, ainda que os legisladores subnacionais mantenham um escopo menor de atribuições, suas declarações e votos tocam a vida dos cidadãos em áreas como meio ambiente, educação ou consumo.
Uma das maiores contribuições de Comunicação E Política: Interfaces Em Esferas Regionais, portanto, é abrir algumas janelas da política subnacional a leitores interessados em conhecer as dinâmicas da comunicação política num Brasil mais profundo.
Além disso, a obra revela não apenas as estratégias e as táticas que agentes políticos têm usado em períodos eleitorais, mas também como se comunicam com a sociedade fora da temporada de caça aos votos.
O repertório temático e metodológico dos estudos aqui relatados é muito variado, fruto da heterogeneidade científica das dezenas de autores e autoras de todas as regiões do país que contribuíram para os doze capítulos do livro, que tem clara adesão à ciência empírica.
Numericamente, o tema com maior cobertura se ocupa da narrativa e análise do papel da comunicação nas disputas por governos estaduais em 2018.
No Paraná, Cervi, Cavassana e Sinderski mostram que os operadores de campanhas digitais do candidato vitorioso, Ratinho Jr. (PSD), usaram de modo diferente sua fanpage no Facebook antes e depois do início da campanha oficial.
Depois de experimentar discursos e temas no esforço de engajar eleitores na etapa da pré-campanha, tão logo iniciado o período eleitoral centraram energia em temas estruturantes da disputa – como educação e segurança – e na construção da imagem pessoal do candidato.
Um achado curioso no levantamento dos autores é que os vídeos não tiveram muito êxito em mover a mão dos internautas em direção ao clique: em geral, o desempenho de postagens com fotos ou links foram mais bem-sucedidas.