
Estabeleci nos estudos que resultaram em Comunidade, Anarquia E Liberdade para descobrir se a anarquia – viver sem o Estado – é viável e, se assim fosse, que tipo de anarquia seria e se seria compatível com certos ideais fundamentais dos anarquistas cooperativistas e outros socialistas, notadamente os ideais de liberdade e igualdade.
Parecia-me que o teste crítico da viabilidade da anarquia era se seus membros poderiam manter a ordem social, no sentido básico de segurança das pessoas e de seus bens (por mais ou menos bens que houvesse). A maioria dos escritores da tradição anarquista coletivista não reconhece isto como um problema para as anarquias que desejam ou preveem para o futuro, onde seria resolvido ou anulado por uma natureza humana transformada, adequadamente socializada.
Mas a manutenção da ordem social sempre foi um problema, em todo tipo de sociedade, mesmo naquelas em que a propriedade ou posse privada é limitada aos bens mais baratos e facilmente substituíveis; e não há motivos para o otimismo dos anarquistas de que o problema se resolveria sem esforço, como eles supõem, mesmo em sociedades do tipo que eles imaginam.
Quando falo disso como um problema, quero dizer que os indivíduos não se absterão voluntariamente de fazer aquelas coisas que ameaçam a ordem social. A razão disso (como argumenta LI na seção 2.1) é que existe um importante elemento de ordem social que é um ‘bem público’, ou seja, um bem que (grosso modo, BO falando) beneficia cada membro do público independentemente de ele contribuir de alguma forma para sua provisão.
Se um bem é público neste sentido, um indivíduo pode ser tentado a ser um “passageiro livre”, a se beneficiar de qualquer quantidade do bem que os outros proporcionam sem contribuir a si mesmo; e se muitas pessoas tentam ser passageiros livres, pouco ou nenhum bem público será proporcionado.
Michael Taylor (1942-…), cientista e pesquisador de teoria política e econômica, considera que uma ordem social sem o Estado é possível, com vínculos totalmente comunitários. Um modelo social dinâmico, ao contrário de um modelo estático que considera que uma autoridade central é necessária para sustentar a ordem social, abre a possibilidade de cooperação social, um requisito indispensável para nossa desejável sociedade anarquista.
Taylor considera que existem três soluções para o problema da ordem social de caráter externo (ou seja, que afetam o interno, as decisões, preferências e crenças dos membros da sociedade): o Estado, que seria a solução centralizada por excelência; o mercado, que seria uma suposta solução semi-descentralizada, e finalmente a comunidade, que serve como uma solução descentralizada externa.











