Sombras Da Água

O problema de toda e qualquer guerra é que ela não chega de uma vez. Ela demora e em suas demoras a guerra já começa a existir nas pessoas. E mesmo que ainda não se veja os soldados e as mortes em sua terra, já se vê as pessoas se protegendo dos amigos

, se dividindo em territórios, separando itens pra sobrevivência e o pior, separando gente não pelo aquilo que são, mas por aquilo que, em uma guerra, podem trazer de bom ou de ruim. No volume II de sua série sobre a história de Moçambique, Mia Couto aponta para um começo de guerra, ou uma pré-guerra e, por isso, o livro grita por entre cada palavra um pedido de paz.
Sombras  da Água: As Areias do Imperador 2 é o segundo livro da trilogia lançada por Mia Couto em que o autor moçambicano faz um relato histórico da época em que seu país era governado por Ngungunyane, último dos líderes do Estado de Gaza, segundo maior império do continente comandado por um africano. Retratado no final do século XIX, o livro é narrado por Imani, uma menina local criada pela cultura da colônia portuguesa e pelo sargento Germano, degredado de seu país para o local. Uma história de deuses, lendas, guerras e armas. Uma história de um país dividido com pessoas tentando encantar o mundo ou, pelo menos, sobreviver.
O livro se inicia com Imani e sua família em um barco ao lado de seu amado Germano que sofrera um acidente no final da obra anterior. Gravemente ferido, Germano é levado até uma igreja onde começa a receber os primeiros cuidados. Ali pode experienciar com toda força a efervescência da guerra: o padre possui uma relação com uma espécie de bruxa ou mulher com poderes de cura e ritualísticos, o pátio da igreja deixa de se tornar um lugar de religião para um lugar político estratégico, afinal é importante, neste momento, acima de tudo sobreviver.
Como o país inteiro vive um conflito, a experiência do leitor é levada para os meandros desse conflito, ou seja, as tentativas das personagens de circularem a margem dele, andando pelo território como um campo minado: aqui pode, aqui não pode. O pai de Imani, por exemplo, descobre da morte de seu filho – que como toda família andava ao lado dos portugueses – e resolve enterra-lo dignamente em sua terra, mas é obrigado no trajeto a desistir: nesta terra sonâmbula, todo território é de água, afinal.

    

 

 

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O problema de toda e qualquer guerra é que ela não chega de uma vez. Ela demora e em suas demoras a guerra já começa a existir nas pessoas. E mesmo que ainda não se veja os soldados e as mortes em sua terra, já se vê as pessoas se protegendo dos amigos, se dividindo em territórios, separando itens pra sobrevivência e o pior, separando gente não pelo aquilo que são, mas por aquilo que, em uma guerra, podem trazer de bom ou de ruim. No volume II de sua série sobre a história de Moçambique, Mia Couto aponta para um começo de guerra, ou uma pré-guerra e, por isso, o livro grita por entre cada palavra um pedido de paz.
Sombras  da Água: As Areias do Imperador 2 é o segundo livro da trilogia lançada por Mia Couto em que o autor moçambicano faz um relato histórico da época em que seu país era governado por Ngungunyane, último dos líderes do Estado de Gaza, segundo maior império do continente comandado por um africano. Retratado no final do século XIX, o livro é narrado por Imani, uma menina local criada pela cultura da colônia portuguesa e pelo sargento Germano, degredado de seu país para o local. Uma história de deuses, lendas, guerras e armas. Uma história de um país dividido com pessoas tentando encantar o mundo ou, pelo menos, sobreviver.
O livro se inicia com Imani e sua família em um barco ao lado de seu amado Germano que sofrera um acidente no final da obra anterior. Gravemente ferido, Germano é levado até uma igreja onde começa a receber os primeiros cuidados. Ali pode experienciar com toda força a efervescência da guerra: o padre possui uma relação com uma espécie de bruxa ou mulher com poderes de cura e ritualísticos, o pátio da igreja deixa de se tornar um lugar de religião para um lugar político estratégico, afinal é importante, neste momento, acima de tudo sobreviver.
Como o país inteiro vive um conflito, a experiência do leitor é levada para os meandros desse conflito, ou seja, as tentativas das personagens de circularem a margem dele, andando pelo território como um campo minado: aqui pode, aqui não pode. O pai de Imani, por exemplo, descobre da morte de seu filho – que como toda família andava ao lado dos portugueses – e resolve enterra-lo dignamente em sua terra, mas é obrigado no trajeto a desistir: nesta terra sonâmbula, todo território é de água, afinal.

    

 

 

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