A publicação destes dois textos sobre a questão da autogestão inscreve-se como uma contribuição à vontade expressada pelos militantes da Federação Anarquista, reunidos em congresso extraordinário em Antony, em novembro de 1979.
Vontade de reformular uma posição precisa diante da recuperação e da deformação do tema da autogestão por muitos partidos e sindicatos, inclusive o P.C.
A autogestão está na moda! Saído de uma Universidade em transe, o termo irrompeu no vocabulário social, expulsando o de gestão operária ao qual o movimento sindicalista revolucionário do período heróico tinha dado todo seu brilho. Entretanto, contrariamente àquele de gestão operária que a Carta de Amiens definiu e que declara…
“Na obra reivindicativa quotidiana, o sindicalismo dá prosseguimento à coordenação dos esforços operários, ao acréscimo do bem-estar dos trabalhadores pela obtenção de melhorias imediatas tais como a redução da jornada de trabalho, o aumento dos salários, etc. Mas esta tarefa é apenas um aspecto da obra do sindicalismo; ela prepara a emancipação integral que só pode se realizar pela expropriação capitalista; ela preconiza como meio de ação a greve geral e considera que o sindicato, hoje agrupamento de resistência, será no futuro, o grupo de produção e de repartição, base da reorganização
social”.
O termo autogestão permaneceu uma fórmula de contornos imprecisos. Os marxistas dissidentes tentaram determinar alguns de seus aspectos referindo-se às experiências iugoslavas ou argelinas, mas as articulações burocráticas que apoiaram estas experiências limitaram seu campo que, em todo caso, inscrevia-se num esquema que mantinha a centralização e a hierarquia sem qualquer relação com a idéia que um anarquista faz do socialismo.
Livros e revistas que pretendiam esclarecer o significado da autogestão deixaram-nos insatisfeitos.
Reuniram e comentaram inúmeros textos teóricos antigos e conhecidos, o que é em si louvável, mas resguardaram-se de tirar conclusões claras e realistas porque isto os teria levado a desaprovar teóricos “geniais” e os partidos de esquerda ou de extrema esquerda que tinham, não diria tentado estas experiências, mas que as tinham deixado acontecer com uma má vontade evidente, na esperança que elas soçobrassem por si mesmas.
Autogestão, Gestão Direta, Gestão Operária
- Ciências Sociais
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