A Memória Coletiva

Maurice Halbwachs - A Memória Coletiva

Em sua obra Maurice Halbwachs mostra-se um correto durkheimiano.

Se, ao falar das classes sociais e, em seguida, do suicídio, ele ultrapassa o pensamento do mestre da Escola francesa, sua análise da memória assemelha-se diretamente à inspiração das formas elementares da vida religiosa.

O autor demonstra que é impossível conceber o problema da evocação e da localização das lembranças se não tomarmos para ponto de aplicação os quadros sociais reais que servem de ponto de referência nesta reconstrução que chamamos memória.

Em seus textos, fulgura a originalidade de um pensamento construído na contracorrente de ideias hegemônicas no universo intelectual de sua época.

Insistindo na efervescência dos meios sociais, os estudos de Halbwachs se caracterizam pelo apego aos aspectos dinâmicos dos fenômenos sobre os quais se debruçam.

Valorizando a concepção durkheimiana sobre a existência de relações dinâmicas entre as classificações sociais e as mentais, Halbwachs faz o caminho inverso ao de muitos discípulos de Durkheim que interpretaram essas relações de maneira mecânica.

A contrapelo, recupera a visão durkheimiana de um social móvel, inventivo e enfatiza a complementaridade, a tensão, a correlação dialética entre classificações sociais e classificações mentais. Esta concepção e esta ênfase são uma espécie de viga mestra da arquitetura teórica halbwachiana.

Esta arquitetura, por sua vez, é marcada por uma desconfiança com relação às ideias que leva o autor a posicionar-se de modo crítico frente ao idealismo filosófico fortemente dominante então.

Embora não tivesse contato com a corrente fenomenológica emergente no campo da filosofia, é possível notar uma inspiração fenomenológica na sua atenção pelas situações concretas e no seu interesse em descrevê-las, bem como, no lugar privilegiado que o caso singular ocupa em sua construção teórica.

Como sociólogo, Halbwachs traduziu o trabalho de Durkheim em termos propriamente históricos, tomando a direção de uma historização da sociologia, num mundo onde as ciências humanas e a história eram campos separados e quase incomunicáveis.

Se, por um lado, o pensamento de Halbwachs se apresenta em contraposição a tendências filosóficas e sociológicas de cunho idealista e mecanicista que dominam a cena intelectual do início do século, por outro, sua originalidade floresce no contato com a Escola de Strasbourg.

   

 

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Maurice Halbwachs – A Memória Coletiva

Em sua obra Maurice Halbwachs mostra-se um correto durkheimiano.

Se, ao falar das classes sociais e, em seguida, do suicídio, ele ultrapassa o pensamento do mestre da Escola francesa, sua análise da memória assemelha-se diretamente à inspiração das formas elementares da vida religiosa.

O autor demonstra que é impossível conceber o problema da evocação e da localização das lembranças se não tomarmos para ponto de aplicação os quadros sociais reais que servem de ponto de referência nesta reconstrução que chamamos memória.

Em seus textos, fulgura a originalidade de um pensamento construído na contracorrente de ideias hegemônicas no universo intelectual de sua época.

Insistindo na efervescência dos meios sociais, os estudos de Halbwachs se caracterizam pelo apego aos aspectos dinâmicos dos fenômenos sobre os quais se debruçam.

Valorizando a concepção durkheimiana sobre a existência de relações dinâmicas entre as classificações sociais e as mentais, Halbwachs faz o caminho inverso ao de muitos discípulos de Durkheim que interpretaram essas relações de maneira mecânica.

A contrapelo, recupera a visão durkheimiana de um social móvel, inventivo e enfatiza a complementaridade, a tensão, a correlação dialética entre classificações sociais e classificações mentais. Esta concepção e esta ênfase são uma espécie de viga mestra da arquitetura teórica halbwachiana.

Esta arquitetura, por sua vez, é marcada por uma desconfiança com relação às ideias que leva o autor a posicionar-se de modo crítico frente ao idealismo filosófico fortemente dominante então.

Embora não tivesse contato com a corrente fenomenológica emergente no campo da filosofia, é possível notar uma inspiração fenomenológica na sua atenção pelas situações concretas e no seu interesse em descrevê-las, bem como, no lugar privilegiado que o caso singular ocupa em sua construção teórica.

Como sociólogo, Halbwachs traduziu o trabalho de Durkheim em termos propriamente históricos, tomando a direção de uma historização da sociologia, num mundo onde as ciências humanas e a história eram campos separados e quase incomunicáveis.

Se, por um lado, o pensamento de Halbwachs se apresenta em contraposição a tendências filosóficas e sociológicas de cunho idealista e mecanicista que dominam a cena intelectual do início do século, por outro, sua originalidade floresce no contato com a Escola de Strasbourg.

   

 

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