Mary Jane Spink aborda diversos temas importantes para a Psicologia Social, desde a problematização dos sentidos produzidos no cotidiano até sua relação com a pesquisa acadêmica. Aponta que, a partir da análise das práticas discursivas e dos operadores que as objetivam, passamos a compreender o sentido como um fenômeno sociolinguístico, uma construção social, coletiva e interativa. Além disso, discute temas e conceitos como modernidade tardia e a reflexividade em ciência, a perspectiva construcionista e linguagem e os processos de interanimação dialógica. Por meio da linguagem, o Construcionismo Social incorpora, em parte, a perspectiva linguística do estruturalismo e a discussão das práticas discursivas e de discurso do pós-estruturalismo nas análises sobre a produção de sentidos no cotidiano dentro de sua abordagem teórico-metodológica.
Assim, esta produção assume especial importância para a Psicologia Social, por incluir em seu corpo teórico e metodológico o referencial das práticas discursivas e a produção de sentidos no cotidiano. É importante salientar que o Construcionismo Social inicia na Psicologia Social uma virada linguística, onde a linguagem não apenas explica a realidade, mas a constitui. Essa visão concebe sujeito e objeto como construções histórico-sociais, estabelece uma crítica à ideia representacionista do conhecimento e da objetividade, problematizando aspectos sobre a realidade e o sujeito.
O mundo humano não é constituído exclusivamente pela teia simbólica do universo linguístico, mas, segundo o Construcionismo não é possível utilizarmos uma “metalinguagem”, ou seja: como podemos sair do universo linguístico para verificar a construção de sentido que fazemos acerca do real. Se não o podemos, o real, por conseguinte, apresenta uma materialidade, mas não uma materialidade mediada pela representação, em seu sentido clássico reflexionista, nem da tradição filosófica/reflexiva. Nesta, a representação reflete o objeto, que está no mundo. Há uma realidade estabelecida fora de nossa experiência de significação, mecânico e funcionalista, ao qual simplesmente deveríamos desenvolver metodologias adequadas para entendê-lo.
A perspectiva de fazer pesquisa apresentada por Mary Jane baseia-se no estudo do saber cotidiano, focalizando as maneiras pelas quais as pessoas produzem sentidos e posicionam-se nas relações sociais, no locus onde se produzem e se significam determinadas práticas e com a preocupação de desnaturalizar as construções do cotidiano.
Linguagem E Produção De Sentidos No Cotidiano
- Ciências Sociais, Psicologia
- 23 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.