
Quais são as forças e partes motrizes da arquitetura no ser da linguagem persona literária? Que caminhos percorrer no labirinto das palavras literatura e das imagens em movimentos cinema para se chegar ao discurso? Como pensar a constituição da personagem na ficção literária ou fílmica que tem o medo e o insólito como sua base?
Esses questionamentos, para nós, fazem parte da edificação de um planejamento que toma como constitutivo o corpo da personagem e sua relação com o tempo e o espaço.
Mais especificamente, preferimos chamar de corpo espaço, em palavra composta, para indicar o entrelaçamento dessas duas estruturas, cuja construção mantém uma relação de interdependência e amálgama.
O espaço é entendido por intermédio de uma composição que abarca temporalidades, como entende Mikhail Bakhtin por meio das noções
de cronotopia e exotopia; e Michel Foucault, a partir das noções de
heterotopia e de heterocronia.
O corpo da personagem como força criadora se movimenta em um espaço que pode ser religioso, sagrado, profano, e até mesmo um espaço do outro mundo.
O corpo espaço da personagem na ficção do insólito é constituído por seu teor heterotópico: a materialidade corporal se desdobra em corpos duplos, vários corpos, corpos inesperados, dilatados segundo um espaço que lhe é ao mesmo tempo interior e exterior, presente, passado e futuro.
Ao evidenciarmos o corpo espaço, o domínio da ficção do insólito se amplia no contra espaço foucaultiano, quando o espaço comum se metamorfoseia em um espaço inesperado e insólito, no espaço liso e estriado deleuziano; quando o corpo acelera marcas do monstruoso, da deformação, da depravação, da anormalidade segundo a ordem social.
É importante, nessa perspectiva, investigar que recursos entram em jogo na composição das personagens de ficção, especialmente aqueles relacionados a dimensões espaciais e temporais.
Por intermédio dessa proposta, Personas Insólitas pretende demonstrar que os recursos espaciotemporais utilizados na composição das personagens ficcionais geram efeitos estéticos e ideológicos.
Posto isto, propomos em nosso Simpósio trabalhos que apresentem uma discussão sob essa perspectiva, tomando materialidades literárias e fílmicas da ficção do insólito.











