Ética Da Informação

Os textos reunidos no livro Ética Da Informação organizado por Maria Nelida Gonzalez de Gomez e Regina de Barros Cianconi nos despertam para questões contemporâneas que tocam os problemas relativos à gestão democrática da informação, da produção e reprodução do conhecimento científico

e da construção de narrativas e “verdades” ancoradas nas memórias dos documentos e arquivos que (re)fazem os eventos e acontecimentos históricos.
Os textos da coletânea nos suscitam reflexões pertinentes à governança das democracias sociotécnicas contemporâneas.
Um primeiro aspecto trazido pelo conjunto de trabalhos diz respeito aos desafios impostos às sociedades contemporâneas face à intensificação e difusão de dispositivos de normalização das práticas, discursos e dos mecanismos de formulação das identidades.
Michel Foucault foi sem sombra de dúvida um dos melhores observadores e analistas das feições concedidas às instituições de controle na modernidade, tornando-se abrigos da sujeição dos indivíduos aos regimes de normalização e internalização das normas.
O espírito do capitalismo não só conferiu vida às noções de individualismo e autonomia, mas também concedeu corpo a uma ideia de ética universal fundamentada na radical separação entre a ética e a moral, espaço público e privado, fazendo com que a “ética protestante” se tornasse majoritária na promoção de uma ética universalizante informada, neste sentido, pelos princípios do regime da normalização.
Em grande medida, os EUA figuraram como a fonte irradiadora dos modelos de gestão da ética na pesquisa não somente pelo seu papel de destaque na política científica, mas pela amplitude que a ideologia liberal e individualista (e normalizadora) obteve nos diferentes contextos socioculturais.
Uma das principais repercussões do modelo liberal de matriz normalizadora na regulação da pesquisa globalmente, como descrito etnograficamente por Foucault em muitos de seus trabalhos, tenha sido a construção de uma concepção de mundo (incluindo o científico) assentado em uma ética cuja principal finalidade consiste em reforçar a visão de um indivíduo equipado a agir no mundo pelo canal da lógica da autonomia e da responsabilidade (account) quanto ao conteúdo do conhecimento.
Habermas talvez tenha sido um dos principais filósofos a conferir forma e inteligibilidade sociológica às características do espaço público liberal. Em seu livro O espaço público, aponta para o papel e lugar que a informação (livre e fundamentada na razão) no mundo burguês obteve ao conferir legitimidade aos processos de racionalização e individuação das relações sociais mediante a universalização do conhecimento.

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Michel Foucault foi sem sombra de dúvida um dos melhores observadores e analistas das feições concedidas às instituições de controle na modernidade, tornando-se abrigos da sujeição dos indivíduos aos regimes de normalização e internalização das normas.
O espírito do capitalismo não só conferiu vida às noções de individualismo e autonomia, mas também concedeu corpo a uma ideia de ética universal fundamentada na radical separação entre a ética e a moral, espaço público e privado, fazendo com que a “ética protestante” se tornasse majoritária na promoção de uma ética universalizante informada, neste sentido, pelos princípios do regime da normalização.
Em grande medida, os EUA figuraram como a fonte irradiadora dos modelos de gestão da ética na pesquisa não somente pelo seu papel de destaque na política científica, mas pela amplitude que a ideologia liberal e individualista (e normalizadora) obteve nos diferentes contextos socioculturais.
Uma das principais repercussões do modelo liberal de matriz normalizadora na regulação da pesquisa globalmente, como descrito etnograficamente por Foucault em muitos de seus trabalhos, tenha sido a construção de uma concepção de mundo (incluindo o científico) assentado em uma ética cuja principal finalidade consiste em reforçar a visão de um indivíduo equipado a agir no mundo pelo canal da lógica da autonomia e da responsabilidade (account) quanto ao conteúdo do conhecimento.
Habermas talvez tenha sido um dos principais filósofos a conferir forma e inteligibilidade sociológica às características do espaço público liberal. Em seu livro O espaço público, aponta para o papel e lugar que a informação (livre e fundamentada na razão) no mundo burguês obteve ao conferir legitimidade aos processos de racionalização e individuação das relações sociais mediante a universalização do conhecimento.

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